Mostrando postagens com marcador aexploracaodobrasil. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador aexploracaodobrasil. Mostrar todas as postagens

terça-feira, 18 de março de 2025

O livro proibido, em A exploração do Brasil (1700-1800)

"Pode vir", disse a bibliotecária do Museu da Inconfidência, pelo WhatsApp, e eu rodei 700 km de São Paulo a Ouro Preto, e outros 700 km de volta, apenas para ver um livro - isto mesmo, um livro.

Mas que livro! Sua história valeria por si outro livro. O Recueil des Loix des Etats-Unis, compilação das leis dos estados confederados americanos, era proibido na França absolutista, onde foi impresso numa editora clandestina.

​O Livro Proibido, cuja simples posse era crime de traição à Coroa, punível com a morte, veio para o Brasil no bolso de um futuro inconfidente, que conheceu o novo governador Barbacena na viagem de navio e tornou-se preceptor de seu filho. Passava o dia no palácio, onde morava. De noite, conspirava.

O Recueil passou pelas mãos de Tomás Antonio Gonzaga e Cláudio Manuel da Costa - poetas, conspiradores e bacharéis, encarregados de usá-lo como base para escrever uma constituição da República das Minas Gerais e Rio de Janeiro. 

O livro esteve no bolso também de Tiradentes, que o repassava a outros conspiradores. Quando todos foram presos, estava com Amaral Gurgel. Foi juntado ao inquérito, como prova material.

E eu o segurava ali, agora, com luvas de borracha. Queria saber o que estava rabiscado nele à mão, vê-lo, senti-lo: o livro que podia ter mudado por completo a história do Brasil.

Mais uma vez, tudo o que eu achava que sabia sobre a história mudou por completo. Toda a trama da Inconfidência, o contexto e seus detalhes estão em A Exploração do Brasil (1700-1800). Para mim, uma descoberta de quão pouco eu sabia da realidade desse século e sua influência para o Brasil até hoje, simbolizada para mim neste livro que cabe na palma da mão.

Suspeito que os leitores e A Exploração do Brasil, passando pela experiência de estar diante da realidade que se materializa como o livrinho que eu tive o privilégio de ter nas mãos, levarão o mesmo choque eu levei.