terça-feira, 27 de dezembro de 2022

Aquela hora


Aquela era a hora de você me dizer eu te amo

aquela era a hora de dizer quero ficar com você

naquela hora

eu teria feito qualquer coisa para ficar do seu lado

naquela hora eu te amaria para sempre


Naquela hora você decidiu ir embora

naquela hora você mostrou que nada era real

aquela hora

que eu ainda sinto agora

fez nossa vida virar do bem para o mal


Naquela hora eu ainda te amava

e depois sofri tanto que já nem sei

depois daquela hora nunca mais eu fiz planos

nunca mais eu sonhei

amaldiçoei meus grandes enganos

naquela hora tirei minha coroa de rei

 

E se hoje não vejo mais o que havia de belo

e encarar a verdade é como morrer

desejando ter sido tudo só um pesadelo

que apenas fosse um pesadelo que eu pudesse esquecer

Thales Guaracy, 

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sábado, 10 de dezembro de 2022

Você conhece um psicopata?

 Você conhece um psicopata? Com certeza, só que provavelmente não sabe.

Por recomendação de uma amiga psicóloga, vejo os vídeos esclarecedores sobre psicopatas, da Dra Ana Beatriz Barbosa, psiquiatra, autora de Mentes perigosas: o psicopata mora ao lado.

Imaginamos um psicopata como o serial killer dos filmes, um criminoso frio, sanguinário e serial. Bem, ele existe, mas são os casos mais extremos. O psicopata, porém, não precisa matar ninguém para ser psicopata. Ele pode ser apenas frio e relevar o sentimento alheio, fingindo afeto, por um interesse próprio. Pode não cometer nenhum crime, mas estraga a vida de muita gente. E pode ser uma mulher.

O “psicopata afetivo”, como Ana Beatriz chama essa espécie mais genérica, representa cerca de 4% da população. “Estatisticamente, numa família, ou no trabalho, sempre tem alguém assim”, diz ela.

O psicopata não tem empatia com o outro. Tem lógica, mas não tem afeto. Não sente culpa, ou remorso. Dentro de uma relação afetiva, é um manipulador. Finge um afeto que não existe. É um mentiroso contumaz. “Para o psicopata, mentir é um jogo, em que o outro cai, e por meio do qual ele reafirma a sua inteligência.”

Pode ser sedutor (ou sedutora). Uma pessoa “maravilhosa, o melhor sexo que existe”, diz ela. Isto porque o sexo, para o psicopata, é um instrumento de envolvimento, de sedução.  “Ele pratica o sexo que você quer receber”, diz ela.  “É um grande ator”, diz ela. Ou atriz.

Esse transtorno de personalidade faz com que a pessoa se torne uma máquina programada para obter, sempre, na relação com o outro, “status, poder, prazer e diversão”. A outra pessoa é um objeto, ou um veículo para o psicopata chegar a esse objetivo.

“É uma relação inglória”, afirma Ana Beatriz. A outra pessoa existe para ser usada. Psicopatas constituem família para dar satisfação à sociedade e ter algum ganho pessoal. Se a outra pessoa pode proporcionar algum tipo de status, poder ou diversão, o psicopata vai atrás daquilo que a pessoa pode lhe dar.

Quando não há mais interesse, ele desliga. Desaparece. E tenta não deixar traços. Vai mudar para outra pessoa, ser outra pessoa, então corta antigos vínculos, testemunhas do passado.

O psicopata é uma maneira de ser. Vê o mundo de outra forma. É difícil imaginar uma pessoa sem afeto, pois trata-se de uma minoria. Por onde passa, porém, deixa um rastro de destruição, financeira e nas pessoas que fez acreditarem nele.

Como identificar um psicopata? “Atitudes maldosas, praticadas de forma repetitiva, o sarcasmo, fazer o outro se sentir inferior, ou culpado, até pelas coisas que o próprio psicopata fez”, explica Ana Beatriz. “A encenação, se fazer de vítima: ele está sempre contando uma história triste, como tendo sido prejudicado por outros, para que se tenha complacência com ele.” Porque a pena é um dos sentimentos que mais fragilizam os outros. Ao causar pena, a outra pessoa se torna manipulável.

A presa mais fácil do psicopata, diz ela, são as pessoas generosas, que têm brilho próprio, alguma coisa bonita. Psicopatas são parasitas, ou insetos em volta da lâmpada: se aproximam  de alguém que brilha. Ele vai na pessoa para sugar o que ela tem de melhor.

“Uma pessoa que se relaciona com um psicopata, se relaciona com um vampiro”, diz ela. “Eles são vampirizadores. Vão tirando a energia do outro: a gente vê a pessoa perdendo o brilho, a alegria. A dominação deles é essa.”

Entram na vida de um homem ou mulher, fazendo o outro achar que é o homem ou mulher da sua vida, sempre entusiasmado, porque o psicopata representa muito bem esse papel. Ele é alegre, é gentil, ele faz tudo. “É um camaleão”, diz ela, por apresentar-se da forma como a outra pessoa deseja que seu companheiro seja.

Quando o psicopata vê que alguém caiu na sedução, seduz também amigos e parentes. Porém, começa a se mostrar na intimidade. Para fora, continua fazendo pose, mas, por dentro, o relacionamento se torna tóxico: tudo o que faz, sempre dá um jeito de a outra pessoa ser a culpada.

Se não consegue jogar a culpa em mais alguém, o psicopata faz a vitimização, para que tenham pena dele. Assim a outra pessoa lhe dá mais uma chance, e depois outra.

O psicopata, ou a psicopata, sabe que é assim, e que se utiliza das pessoas. Não ama, mas se liga pelo “jogo do controle, ou ter a vida do outro sob seu controle".


Antes de sair da relação, é melhor não entrar – é preciso identificar o comportamento pela história patológica pregressa da pessoa. Psicopatas repetem os mesmos erros, porque a memória é marcada pela emoção - se não sofre com os erros, e não se arrepende, ele os repete. Por isso, também, cedo ou tarde acabam sendo descobertos.

O relacionamento com o psicopata é sempre abusivo. Uma pessoa aberta a amar se relaciona a alguém que não amará ninguém, nunca. E apenas a usa, ou abusa. Não tem cura, porque não é doença, é maneira de ser.

Quem se relaciona com um psicopata sofre, porque se relaciona com alguém que faz com que o outro tenha sempre sentimento de culpa. O psicopata nunca erra: é sempre o outro, e ele faz com que o outro se sinta um incapaz. O outro acha estar com aquela pessoa maravilhosa, que é do jeito que ela quer, e isso é corroborado pelo fato de que até seus próprios parentes aprenderam a gostar dela. A realidade, porém, é bem outra.

O outro se apaixona por quem o psicopata se apresenta, mas essa pessoa não é ele. A grande dificuldade de quem se apaixona por um psicopata é admitir que aquilo que ela achava que era amor nem sequer existiu. “Não existe amor com quem não sente amor”, diz Ana Beatriz.

De novo: você conhece um psicopata?