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domingo, 15 de maio de 2016

"O Brasil só se mexe na crise"

Entrevista na rede Vida sobre a saída de Dilma, o impeachement, a crise política e econômica e o que nos aguarda depois de tudo.
http://redevida.com.br/programa/tribuna-independente/comentaristas/analise-politica-do-jornalista-thales-guaracy.html

quarta-feira, 23 de dezembro de 2015

Dilma chama as sereias do impeachment para bailar

Dilma Rousseff trocou o ministro Levy pelo ministro Barbosa; com isso, jogou fora o fiel da balança, que procurava dar ao governo algum crédito, graças ao compromisso de colocar mais ordem nas contas do governo.

Era uma política recessiva, é verdade, mas o fato é que o governo ficou sem dinheiro; literalmente quebrado, acabou a cornucópia com a qual se incentivava a economia por meio do gasto público, incluindo a distribuição de renda em programas como o Bolsa Família.
Dilma com Barbosa: impossibilidade matemática

Nenhuma política demagógica dá certo no final: pode durar algum tempo, mas a realidade se impõe. E a realidade é que não se cria riqueza por decreto. Com um furo orçamentário na casa do bilhão, Dilma conseguia com Levy algum respaldo por contrariar seu partido, que quer mais do mesmo. Ou seja, ainda mais presença do Estado, gastando o que há muito tempo já não tem.

Não é uma questão de conta, nem de bom senso, nem de trato da gestão pública. É meramente política.Com Levy, o homem do Bradesco, Dilma tinha um certo pacto com a iniciativa privada de que faria o ajuste por conta própria. Sob a espada do processo de impeachment, teria menos pressão contra seu mandato. Ninguém quer ficar com o ônus do ajuste, que é sempre amargo. Dilma já está mesmo queimada: estava ficando, porque ia limpar a própria sujeira.

Só que ela cedeu à pressão de seu próprio partido. O raciocínio do PT é de que na atual situação, é tudo ou nada. Que o ônus fique para o próximo, então. Com Barbosa, pretende-se retormar algum tipo de desenvolvimento, dentro da filosofia de que é possível conciliar estímulo do Estado à economia com controle fiscal. Na situação em que estamos, isso é uma impossibilidade matemática que vai contra qualquer análise mais racional.

Cedendo aos apelos de seu partido, Dilma se torna novamente vulnerável. Ao declarar que não vai fazer o ajuste como precisaria ser feito, vai retornar ao curso que a levou à beira do abismo. Só que agora pode estar apressando sua vida no Planalto.

Por mais que se cerque o processo do impeachment de minuetos institucionais, é certo que a situação econômica tem um peso relevante no seu andamento. Collor caiu assim. Não havia prova direta do seu envolvimento nas negociatas de PC Farias. Porém, com o Brasil embicando para o desastre, as forças populares indignadas juntaram-se ao que realmente faz diferença, que é a vontade das elites. E estas, no Congresso, o forçaram à renúncia.

Todos sabem que o Brasil não pode ficar assim por mais três anos, até porque vai piorar. E que, quanto mais rápido o ajuste, melhor. Se Dilma dá sinal de que não vai mais fazê-lo, para jogar o ônus ao seu sucessor, está colocando sua posição sob risco ainda maior. As elites brasileiras não vão esperar mais três anos de aprofundamento da crise. Têm os instrumentos para isso, com seus representantes no Congresso, muito bem remunerados.

 Na prática, a presidente está chamando as sereias do impeachment para bailar.