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segunda-feira, 1 de março de 2021

Pelé, Osmar Santos e o amor


Vejo o doc sobre Pelé no Netflix: bem editado, emocionante. O que mais chama minha atenção, porém, é Pelé de cadeira de rodas, com as pernas atrofiadas, recebendo os amigos.

Penso nas crueldades de Deus, ou do destino, como preferirem. Foi assim com o locutor Osmar Santos, que, num acidente de carro, perdeu, justamente, a fala.

Há muitos casos. Agora há Pelé. Pelé, sem suas pernas.

Penso na Bíblia, livro de Jó. O homem que é em tudo obediente e tem como pago a ingratidão de Deus. E se pergunta: por que?

Não há resposta, creio. Ou, se há, é que sentimos mais por perder o que nos é mais caro e fizemos por merecer. Como o amor. Quem mais se dedica ao amor é aquele que mais perde, porque é justamente quem se dedica. E quando perde nem cabe perguntar por que.

A vida não é merecimento, nem reconhecimento. E só perde aquele que tem algo. É esse algo que deve ser lembrado, é o que importa, ainda que seja tirado: as pernas de Pelé, a voz de Osmar, o amor.

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Antimemória

Raízes primeiras extremas
De onde nem há memória
O passado dos filósofos orientais
A alquimia genética
O encontro de raças
A combinação de histórias
A formação determinista do que somos
Antes mesmo de ser
Resultante do que trazemos sem saber
Escrito na terra
Na mão lavrada dos ancestrais
Nos amores perdidos
Nos sonhos perdidos
Nas vontades primevas
No acaso certeiro
Daqueles que vieram primeiro
Prepararam terreno
Jogaram a semente
Até que de repente
Brotou o que achamos ser
Nosso livre arbítrio
Fihos do vento
Filhos do tempo
Filhos da coincidência
Filhos de gente
Filhos do amor
Tanto o de mentirinha
Quanto do amor verdadeiro
Do amor enganado e desenganado
Do amor roubado
Do amor proibido
Do amor ganho e perdido
Qualquer amor que gerou amor que gerou amor
E moldou o que somos e seremos
E fez me de mim desbravador
Herdeiro de antigas e violentas paixões
De conquistadores da terra
Homens ardentes
Barqueiros ao leme rumo à Guiné
De velhos guerreiros
De homens sem fé
De mães sagradas
E mulheres profanas
De obscuras ciganas
E valquírias aladas
Filho do amor que veio do amor
Um amor que ainda não entendo qual é (...)

(Minha homenagem neste dia às crianças que ainda temos dentro de nós)