segunda-feira, 13 de fevereiro de 2023

O inventor do carnaval

Em A Criação do Brasil, conto como um governador, para safar-se de uma difícil situação política, inventou o carnaval, ou o que seria o carnaval. Não por acaso, no Rio de Janeiro.

Em 1641, quando Portugal se separou da Espanha, a quem havia se submetido por seis décadas, o então governador da capitania do Rio de Janeiro, Salvador Correia de Sá e Benevides, consultou a elite local, que decidiu ficar ao lado dos portugueses na cisão. Ocorre que duvidava-se da lealdade do próprio Correia de Sá, da família do ex-governador-geral Mem de Sá, mas nascido em Cádiz, na Espanha.

Ele, então, foi a Portugal, falar com o novo rei, Dom João IV. Não apenas prestou-lhe fidelidade como apresentou um plano para a restauração do império português. Fomentaria a guerrilha contra os holandeses no nordeste, protegeria os cargueiros de açúcar, mandaria os bandeirantes paulistas avançarem sobre território colonial espanhol e retomaria as posses portugueses na África, de onde vinha a mão de obra escrava.

Ao voltar para o Rio, mandou organizar uma grande festa, marcada para logo depois da Páscoa, de forma a celebrar a restauração do domínio de Portugal. A festa, que consistia numa série de jogos, origem do entrudo e depois do carnaval, era obrigatória - quem não aparecesse seria considerado traidor da coroa.

O governador, lembrado pela ilha onde construiu o maior estaleiro da época, bem como pelos escândalos de corrupção e aumento da taxação que levaram à "revolta da cachaça", cumpriu todas as suas promessas ao rei. E, de quebra, foi o inventor do carnaval carioca, que até hoje parece uma celebração obrigatória da felicidade nacional.

Para saber mais, leia A Criação do Brasil (1660-1700).
 

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