sexta-feira, 18 de julho de 2014

Uma estrela da literatura brasileira



João Ubaldo Ribeiro escreveu sua obra maior, Viva o Povo Brasileiro, numa velha máquina de escrever, um aparelho mecânico, assestado sobre um caixote de madeira, na Ilha de Itaparica, sua terra natal. Dali saiu com um calhamaço debaixo do braço para o Rio de Janeiro, onde ficam as grandes editoras de livros e a aura de que precisam os escritores. E se tornou sem sombra de dúvida o maior escritor brasileiro contemporâneo.

Nunca mais João Ubaldo escreveu um livro tão bom, ambicioso e vasto quanto Viva o Povo Brasileiro. Ele era baiano e, embora gostasse de escrever, tinha preguiça de trabalhar, quanto mais num livro do mesmo calibre. Levei muito tempo para convencê-lo a escrever uma simples crônica, na época em que dirigia a revista VIP, e lancei uma série de relatos de viagem de escritores que acabaram reunidos em livro (Viagem Inteligente, da Geração Editorial). Antônio Callado, em seus últimos tempos de vida, escreveu sobre Roma. Lygia Fagundes Telles sobre Estocolmo. Luis Fernando Veríssimo, sobre Paris. Ubaldo, a muito custo, escreveu sobre Berlim, onde passara uma temporada, com uma bolsa do governo alemão. No texto, em que discorria sobre hábitos estranhos dos alemães, como nadar pelados no frio extremo, deixava o que foi a sua marca como cronista: a ironia, o bom humor, a observação arguta, e um ponto de vista que sempre tinha algo da velha baianidade.

Ubaldo não escreveu muitos grandes romances, nem deixou grandes personagens, como Gabriela e Tieta, de Jorge Amado. Porém, escrevia magicamente bem, e a marca da ironia e do fino pensamento fizeram da sua leitura sempre um enorme prazer. Dizia que, antes de começar a escrever, rezava um padre-nosso. A inspiração, embora seja um dom natural, ou resultado do trabalho, parece precisar sempre de certa interferência divina para fazer o bom texto acontecer. E ele dependia daquilo, porque vivia apenas de escrever, embora fosse formado em Direito, e não gostasse muito do trabalho árduo, como é o ofício de escrever.

Os livros secundários de Ubaldo, como O Sorriso do Lagarto, A Casa dos Budas Ditosos e sobretudo Sargento Getúlio, um primor do minimalismo literário, misto de ensaio político e humano, levados ao cinema e à TV, fizeram dele um escritor mais completo. Em Viva o Povo Brasileiro, narrativa histórica que dá dimensão não apenas à obra mas à formação da sociedade brasileira, Ubaldo se fez não apenas como romancista, mas um escritor ligado ao Brasil, que explica o Brasil, e forma o Brasil.

Por muitos anos, Ubaldo lidou com problemas de saúde, especialmente os ligados ao alcoolismo, que o deixou à morte. Para mim, era mais um caso comprovador de que ser escritor não se trata de escrever nem de ser publicado ou reconhecido, é viver no extremo do conflito existencial. Diante da luta contra o inevitável, da certeza de que a batalha da vida sempre é perdida, o escritor se lança numa jornada interior que só pode ser aliviada pelo desabafo das letras. E se torna, muitas vezes, um processo autodestrutivo.

Ubaldo sabia que, como qualquer outra coisa, a literatura é inútil para nos manter vivos. Ao morrer nesta madrugada, vitimado por complicações respiratórias, fechou aos 73 anos o capítulo que temera desde sempre. Ressentia-se de que sua obra pregressa tinha desaparecido das livrarias e de nunca ter sido tratado da mesma forma que as estrelas estrangeiras nas festas literárias aqui mesmo dentro do Brasil. João Ubaldo Ribeiro, porém, foi uma estrela da literatura brasileira, à qual ele deu mais brilho. E agora pode descansar no seu firmamento.

segunda-feira, 14 de julho de 2014

A batalha no Brasil



A Alemanha não venceu a Copa porque foi o time mais organizado e de melhor futebol. Teve sorte. O gol no final da prorrogação saiu de um lance igual a outros em que a bola foi perdida. E a Argentina, aguerrida e melhor em grande parte do jogo, levou um castigo imerecido, se contarmos só a partida final.

Revi há pouco no YouTube Brasil 2x0 Alemanha na final de 2002. O Brasil tinha grandes craques, sobrou no torneio e voava em campo na decisão. venceu de forma categórica. Na decisão de ontem, ambos os times estavam esgotados pela campanha. Física e psicologicamente. Não houve superioridade clara. Esta Copa foi feita de grandes lutas, uma verdadeira batalha.

Os alemães trabalharam bem para ser campeões. Mas na final, quando já fraquejavam, dependeram da sorte para vencer.
No fim foi foi justo; mas ficou a triste sensação de que, com um comando melhor, que organizasse o nosso time e lhe desse a tranquilidade necessária, poderíamos ter ganho.

O Brasil fez uma bela Copa e ainda tem o melhor futebol do mundo. Precisamos apenas de um comando mais moderno, mais realista e eficaz. Nisso os alemães deram seu show. Num time sem um destaque muito evidente, o time era um verdadeiro conjunto, como peças que fazem um relógio. Faltou essa capacidade à nossa comissão técnica, assim como humildade, para rever erros, principalmente quando ainda havia tempo para isso.

sexta-feira, 11 de julho de 2014

As coisas podiam ter sido diferentes



Você acredita em teorias da conspiração? Eu não, mas fico pensando no que teria acontecido se as coisas tivessem sido diferentes.

Se a Fifa não tivesse trocado o critério da formação das chaves, colocando como cabeças-de-chave seleções como Colômbia e Bélgica, será que os times mais fortes e tradicionais como Itália, Espanha, Uruguai e Alemanha ficariam todos amontoados do lado do Brasil, como aconteceu? Será que o Brasil pegaria a Alemanha na semifinal? E se com outro chaveamento pegasse a Alemanha somente na final, as coisas não poderiam ter sido diferentes?

Se a Fifa tivesse examinado os vídeos e advertido os juízes de que os adversários estavam procurando quebrar Neymar no primeiro lance de cada partida, será que não teria havido jogadores advertidos ou expulsos? Será que Neymar teria ido parar no hospital?

Se a Fifa tivesse sido tão rigorosa com o jogador da Colômbia que tirou Neymar do futebol, como foi com Luizito Suárez, não daria menos a impressão de ter sido leniente com o que fizeram com o jogador brasileiro? Se Neymar tivesse jogado a semifinal, as coisas não podiam talvez ter sido diferentes?

Se a Fifa tivesse punido o lateral da Colômbia, ou jogadores da França que aplicaram diretos no queixo contra adversários, será que ainda estaríamos com essa impressão de que a Fifa agiu precisamente para tirar Luizito e o Uruguai da Copa?

Se fossem coibidas essas rodas de apostas milionárias, em que um sheik árabe ganhou 2 bilhões de dólares (repito, 2 bilhões) por apostar que o Brasil perderia de 7 a 1 para a Alemanha, não teríamos menos razões para temer a circulação de malas pretas vultuosas para jogadores?

Se não fosse permitida tanta influência dos interesses comerciais em jogo, com agentes e grandes patrocinadores por trás de cada jogador, das seleções e da própria Fifa, poderíamos ter mais certeza da lisura no esporte? As coisas não seriam diferentes?

Se os cambistas que vendiam ingressos no mercado negro não estivessem hospedados no Copacabana Palace, o mesmo dos diretores da Fifa, não teríamos menos essa impressão de que a entidade tem algo a ver com isso?

Os jogadores do Peru confessaram ter recebido mala preta para perder em 1.978 para a Argentina, que precisava de quatro gols para tirar o Brasil e vencer a Copa em seu próprio país. Nesse jogo, a Argentina fez seis. Foi uma das maiores goleadas da história das Copas. Se a Fifa tivesse mandado investigar o caso e punir criminalmente quem foram os subornadores, teríamos ainda essa sensação de que coisas estranhas acontecem com a sua complacência?

Se o Brasil tivesse feito a mesma coisa que a Argentina em 1.978, as coisas teriam sido diferentes?

quinta-feira, 10 de julho de 2014

O Brasil não sabe perder



A fragorosa derrota para a Alemanha na semifinal da Copa do Mundo, por inimagináveis 7 a 1, serviu como um bom exemplo do maior problema do país: o Brasil não sabe perder.

O motivo é um só. Fazemos alta conta de nós mesmos, dormindo em berço esplêndido num país de grande potencial, e não aceitamos nada menos que nossos sonhos de grandeza e de vitória. Por décadas, compensamos nossa frustração com as mazelas do país com aquilo em que nos achamos bem sucedidos. E o fato é que não sabemos perder tanto num campo como no outro, o da vida e o do futebol.

O resultado da Copa foi de vitórias e fracassos. Organizamos uma boa Copa, com belos estádios e bom futebol. Aconteceram coisas muito graves, como o superfaturamento dos estádios, e incidentes que falam muito mal a respeito do nosso país. Morreu um jornalista argentino de 38 anos, atirado para fora do táxi ao ser abalroado por um veículo roubado, perseguido pela polícia. Durante a festa, caiu um viaduto em Belo Horizonte. Isso, porém, vai ficar embaixo do que até parece um desastre maior: o vexame da seleção, levando uma goleada histórica dentro de casa.

O Brasil acha que tem de ser sempre grande, e reage mal à derrota, negando seus males e sua responsabilidade. Uns fazem piada, e somos prolíficos nisso. (A minha preferida, foi de um internauta que diz só assistir o UFC, porque lá o juiz pelo menos interrompe tudo quando alguém está apanhando muito). A outra reação tipicamente brasileira ao insucesso, refletida na imprensa brasileira, é criticar tudo na derrota, com a marca da maldade, nesse caso cravada nos jogadores e na comissão técnica.

O brasileiro gosta de ironizar, falar mal e jogar a culpa sobre as nossas mazelas nos políticos, quando se fala do país, e nas derrotas esportivas sobre o técnico ou algum outro bode expiatório. O derrotado, no Brasil, fica marcado a fogo, como o velho e falecido Barbosa, goleiro da seleção de 1.950. Foi triste ver os jogadores da seleção, ao final do jogo, sem saber o que fazer: se saíam de fininho, ou agradeciam a torcida que os apupava e procurava afugentar como um bando de cachorros sarnentos. Não foram só os jogadores, porém, que perderam. Quem perdeu foi o Brasil.

Assim como o povo brasileiro, em campo os nossos jogadores demonstraram que não sabem perder. E, dessa forma, não sabem também ganhar. Por isso, não surpreendeu o choro depois da sofrida vitória nos pênaltis diante do Chile. Os atletas brasileiros mostraram aí o quanto faltava estrutura psicológica para enfrentarmos as dificuldades de uma Copa dentro de casa. Jogaram a responsabilidade para a torcida, denunciando uma grande "pressão". A torcida não tinha culpa de torcer, ou de cantar o hino, ou de cobrar vitória, ou lançar emoção nas partidas. E os jogadores não podiam ter desmontado daquela forma, como se a Copa tivesse acabado no dia do Chile. Para nós, o sonho de vitória, pressentia-se, terminava mesmo aí. E de fato apenas ganhamos uma sobrevida, com a imerecida vitória contra a Colômbia. Porque contra a Alemanha nem chegamos a jogar.

Qual é o problema do nosso aparente antipatriotismo, da nossa mania de falar mal de nós mesmos, da nossa recusa em olhar para nossos erros? É que, jogando sempre a culpa nos outros, não aprendemos nada com as derrotas. Esta Copa foi cheia de lições de futebol e também para o país. O brasileiro parece ser brasileiro apenas antes do jogo e, depois, na vitória. Não sabe ser brasileiro na hora de levantar a poeira e dar a volta por cima. A Espanha, última campeão do mundo, levou uma biaba tão feia quanto a nossa nesta Copa, ao ser goleada pela Holanda, mas não levou a derrota tão fundo na alma. Mas a Espanha é um país de primeiro mundo, sem esses complexos que o Brasil gosta de carregar para aliviar o peso da frustração consigo mesmo.

Qual é a realidade que temos de encarar, o que temos a aprender? O Brasil perdeu porque se preparou mal. Os alemães mantiveram um time que já tinha ido bem na Copa anterior e, eles sabiam, precisava ainda amadurecer para vencer. E amadureceu. Manteve os jogadores, um técnico jovem e técnicas de preparação que incluiu desde softwares sofisticados a aulas de ioga e relaxamento. Construiu um centro de treinamento próprio na Bahia. Os alemães pensam no longo prazo e criam tijolo sobre tijolo as condições para a vitória.

Já nossa seleção primou pela falta de estrutura, mesmo numa organização rica como a CBF. Descobrimos, no jogo contra o Chile, que os jogadores não dispunham nem mesmo de acompanhamento psicológico. Uma psicóloga foi chamada às pressas para tentar reerguer o moral da equipe. O que se conseguiu foi um remendo, que rasgou completamente assim que o Brasil tomou o primeiro gol alemão.

Felipão gosta de bancar o paizão, mas sua especialidade não é a psicologia. Com a caricatural macheza gaúcha, chegou a ventilar um mal estar interno ao dizer que se arrependera de convocar um dos dos 23 jogadores, uma maldade tão gratuita quanto inútil e contraproducente dentro de qualquer equipe. Felipão também não sabe perder. Deixou a responsabilidade da derrota para os jogadores, atribuindo-a ao "apagão" no qual levamos gols em sequência. E escamoteou o fato de que o Brasil se preparou mal tecnicamente.

A CBF, representada por José Maria Marin, um político sem nenhuma expressão, confiou demais na experiência de Felipão e Parreira, dois técnicos campeões, mas já ultrapassados. Felipão não soube armar a equipe no início e piorou diante das dificuldades que foram surgindo e exigiam inteligência e ação. Por sua vez, o técnico confiou demais na equipe que ganhou a Copa das Confederações, sem rever as peças que andavam mal, como Fred e Paulinho. E não soube o que fazer quando perdeu dois de seus mais importantes jogadores: Neymar, que levava o ataque sozinho nas costas, enquanto esteve jogando, e Thiago Silva, que com David Luiz vinha não apenas salvando a defesa, apesar do desempenho desastroso dos laterais, como ainda ajudava o ataque. É bom lembrar, foram os zagueiros que marcaram os dois gols na vitória contra a Colômbia.

O Brasil não soube lutar dentro e fora de campo. Neymar foi perseguido em todos os jogos, até o lance criminoso que o tirou da Copa e do futebol por um bom tempo. Em todas as partidas, recebeu no primeiro lance uma pancada dura como "cartão de visita". Em nenhum desses lances, o jogador adversário recebeu o cartão amarelo, ou sequer uma advertência, assim como na entrada em que o craque brasileiro foi literalmente quebrado ao meio.

Jogamos contra os adversários em campo e a Fifa fora dele. Pelos critérios adotados pela entidade, a maioria dos times de tradição em Copa do Mundo ficaram no lado da chave aonde estava o Brasil. A designação dos cabeças de chave segundo um ranking formulado pela própria Fifa, com Colômbia e Bélgica à frente de grandes forças, é uma forma evidente de manipulação ou de indução aos resultados. Não era difícil imaginar que Argentina ou Holanda chegariam à final. Não fossem algumas zebras, o Brasil poderia já ter sido eliminado antes, no cruzamento com a Espanha ou o Uruguai.

O Brasil também se dobrou a exigências absurdas, como expulsar do país um jogador (Suárez) que nem sequer foi expulso de campo, por normas de uma entidade que ocupa o país-sede com leis próprias e sua periferia de encrencas, incluindo cambistas que habitam o mesmo hotel aonde se hospeda sua suspeita diretoria.

O Brasil precisa parar de falar mal de si mesmo e trabalhar de forma construtiva. Reconhecer os erros e entender o que aconteceu é a única forma de construir um futuro melhor, e não falo apenas do futebol.

E eis a verdade: o Brasil não fez nenhum jogo nesta Copa de encher os olhos. Deixamos de mostrar força fora de campo, em defesa do nosso talento, de maneira que os árbitros continuaram a permitir a caçada a Neymar, impunemente. Viramos as costas para o fato de que a Copa é um jogo cheio de interesses, dos altos apostadores que hoje usam a internet para ganhar dinheiro aos patrocinadores capazes de transformar em marketing até mesmo os votos de solidariedade de colegas a um companheiro machucado.

A Copa é um jogo viciado, mas o Brasil até poderia ganhar, com outra postura. O Brasil quer ser sempre grande, mas precisa agir grande, para voltar a vencer. Com realismo no olhar sobre si mesmo e inteligência na preparação.

*
Acabo de terminar um livro sobre a descoberta do Brasil, e a Copa me ajudou a ver que somos assim desde sempre. Nossa mania de grandeza vem de longe, assim como nossa omissão na solução dos problemas que nos separam da grandeza real. Essa vocação para reclamar de tudo sem olhar para o próprio umbigo está na raiz do povo brasileiro. Nelson Rodrigues estava errado. O complexo de vira-lata não acabou com o Brasil campeão e copeiro. Ainda está aí, vivo, pungente a cada derrota transformada por nós, como na letra do hino que gostamos tanto de cantar quando ainda estávamos acreditando, em fracasso retumbante.





segunda-feira, 30 de junho de 2014

Não é hora de chorar



O goleiro Júlio César chorou porque pegou os pênaltis que salvaram o Brasil contra o Chile. David Luiz chorou porque fez gol. William, porque chutou seu pênalti para fora. Thiago Silva, o capitão, que deveria ser um exemplo em campo, também chorou e avisou que pênalti ele não bate. Felipão chorou porque... Bem, não sabemos porque Felipão chorou, mas ele, como comandante da seleção, é quem devia ter mais estrutura emocional. E transmitir serenidade aos jogadores.

Desse jeito, a seleção acabará chorando até para bater um escanteio. O Brasil tem todo tipo de recurso, menos um psicólogo para acompanhar os jogadores na tarefa de vencer a pressão por vitória dentro do Brasil. Que erro elementar.

Deixaram os jogadores transformarem a Copa numa catarse psicanalítica. Na Tv, vemos toda a história da remissão de Júlio César, chorando porque levou um frango na última Copa, ficou sem clube e teve que treinar com o filho para ter sua "segunda chance". Thiago Silva chora ao trocar cartas com a mãe relembrando o passado pobre e a tuberculose. E assim por diante. Todos resolveram deitar no divã agora que a competição está chegando à fase decisiva.

Os nossos craques não são coitados. São profissionais milionários com carreiras bem sucedidas e muitas decisões no currículo. Coitados são os brasileiros que não têm dinheiro nem para um churrasco e sofrem pela seleção diante da Tv paga à prestação. Espera-se dos jogadores da seleção que sejam o que são: homens e profissionais pensando em ganhar o jogo, e não crianças em meio a um pesadelo coletivo.

A seleção precisa se reestruturar emocionalmente. Sim, a pressão é grande. Até Neymar, que joga como se estivesse sempre numa pelada em Santos, já chorou antes mesmo de entrar em campo. Mas é futebol, afinal. Eles sabem o que fazer com a bola, melhor do que ninguém. Espero que já tenham chorado o que tinham de chorar e voltem a ser o que somos: campeões que acima de tudo gostam de jogar bola e não têm medo de ninguém.

Mais uma derrota dos subdesenvolvidos



Os franceses têm Paris, a revolução francesa, as tortas de morango. A França é um dos países mais adoráveis do Mundo, como a Itália.Mas os brasileiros, maioria dos 67 mil pagantes no estádio Mané Garrincha, Brasília, torceram pela Nigéria.

Por quê? Complexo de subdesenvolvido,que nos faz ficar ao lado sempre dos pobres, por inveja e raiva dos mais ricos? Nosso espírito de país cristão, que nos faz odiar os ricos porque somos pobres? Ou medo de pegar um país mais rico na semifinal?

A Nigéria jogou um futebol vistoso no primeiro tempo, mas os franceses os franceses que lhes deram campo, para marcar no contra-ataque. No segundo tempo, pressionaram a Nigéria e o adversário sumiu. Fizeram dois gols e venceram com autoridade.

Faltou à Nigéria capacidade de decisão. Confiança de ser vencedor, de ser de primeiro mundo. A Nigéria perdeu. E os brasileiros perderam, sem o Brasil ter jogado.

domingo, 29 de junho de 2014

A vantagem da Colômbia



A Colômbia passou pelo Uruguai, e seu futebol bem jogado tem encantado a torcida e a crítica, mas não é ele que o Brasil pode temer, pois tem um time superior. A Colômbia jogou uma primeira fase contra times mais fáceis e chegou ao mata-mata sem muito desgaste, não apenas físico como sobretudo mental.

O Uruguai passou por um grande estresse, ao perder para Costa Rica e ter que virar a história em dois jogos duros contra Inglaterra e Itália. No segundo, o lance de Suárez foi típico do estado de nervos em que se encontrava o time o e jogador.Punido Suárez, um Uruguai cansado, sofrido e à flor da pele acabou sendo presa fácil.

O Brasil suou sangue para vencer o Chile. Vai pegar uma Colômbia mais fresca e com o time inteiro. As batalhas deixam sequelas. Neymar foi caçado em campo contra o Chile e vem sendo atingido com jogadas maldosas em todos os jogos no primeiro lance de que participa, para que o adversário o tire de jogo sem levar cartão. O Brasil tem de se recuperar fisicamente e também mentalmente. A sequência de jogos até a final é muito dura e é preciso manter a força mental elevada.

O Uruguai tem um grande time e gastou toda sua energia no começo. Não fosse isso, passaria pela Colômbia. Tem força, técnica e tradição, mesmo sem Luizito Suárez. O Brasil, no entanto, mostrou que mesmo quando não vai muito bem, tem energia para se superar.

É a nossa esperança.