quarta-feira, 21 de outubro de 2015

Martin Amis e jovens autores que merecem ser lidos

Conheci Martin Amis em Machu Picchu, no Peru. Eu tinha 16 anos de idade e viajava de mochila nas costas ao lado de meu pai. Um sujeito com chapéu de vaqueiro nos abordou, enquanto olhávamos o Huayna Picchu, batido pelo vento misterioso da cidade inca. Queria saber que língua falávamos. Achou o português uma língua forte. Disse ser escritor, mas, quando perguntei que livros que tinha escrito, respondeu que nenhum, ainda. Terminava o primeiro. Imaginei que estivesse escrevendo algum romance sobre uma aventura na selva peruana. Não. "Escrevo sobre Londres", explicou. Prometi que iria ler o livro, quando saísse. E, qual não foi minha surpresa, quando anos depois vi seu retrato em Campos de Londres - até hoje, creio, seu livro mais conhecido.
Amis quando era um jovem autor desconhecido


É uma boa história, embora eu não goste muito de Amis como autor. Ele agora disse em entrevista ao El País que não vale a pena ler autores jovens. Que os clássicos sobreviveram à prova do tempo e sua leitura seria, portanto, mais garantida. Claro, se ninguém lesse autores jovens, Amis um dia nunca teria sido lido. Não estaríamos também lendo essa sua entrevista. E não teriam surgido os clássicos. Sua declaração só pode ser entendida como uma provocação. Esse é e continuará sendo o grande desafio de qualquer autor: ser lido pela primeira vez. Ainda mais nos dias de hoje, em que qualquer um pode publicar qualquer coisa na internet. Ser lido, porém, é diferente.

Durante meus três anos como diretor editorial da Saraiva, tive oportunidade de lançar alguns autores inéditos no grande mercado. Certamente esse garimpo deu muito trabalho, excluiu gente que talvez merecesse, mas o resultado para mim deu ainda mais prazer que publicar William Faulkner e outros clássicos. A criação do Prêmio Benvirá de Literatura rendeu bons frutos para a Saraiva e, creio, para o mundo editorial no Brasil. A literatura contemporânea é um retrato dos dias de hoje, do pensamento, do comportamento, e é o que deixará a marca deste tempo. Hoje de novo como autor, eu me sinto mais vivo por fazer parte disso. E por estar também dividindo este tempo com grandes talentos.

Acho que divulgar novos autores é importante para todos, incluindo os autores consagrados. Na cultura, apesar da má vontade de boa parte da crítica brasileira, não há lugar para a mesquinharia. O estímulo ao hábito da leitura é essencial para o mercado editorial, para a educação e a cultura de um país. Autores jovens ajudam a falar com a juventude, que precisa ser trazida para a leitura, essencial para o progresso da educação. Ainda mais em um país tão carente de homens e livros, as duas coisas essenciais para uma nação, como dizia o velho Monteiro Lobato.

Alguns dos jovens autores brasileiros de que mais gosto, lancei pela Saraiva. Outros, li somente por prazer. A rigor, jovens autores para mim são todos aqueles que estão vivos. Porém, há os valores que despontam agora e começam a construir sua carreira, e para os quais vale a pena chamar a atenção. Aqui, ordenados aleatoriamente, seguem meus favoritos. E a razão. 

Daniel Galera: todos os grandes autores são fruto de uma obsessão. A de Galera é o sangue. Ele escreve muito bem. E, dado o seu tema favorito, tem impacto. 


Paula Parisot: Gonzos e Parafusos, seu romance de estreia, é primoroso. Trata de um tema forte, a mulher seviciada na infância, com a leveza de um Machado de Assis. Nem por isso deixa de ter um impacto desconcertante, como sugere o título.



Lucrecia Zappi: certa vez, Lucrecia me contou que tinha escrito um romance em inglês, porque morava em Nova York, e achava que encontraria um editor por lá. Eu lhe disse, por experiência própria, que nenhum editor americano publicaria uma autora argentina-brasileira sem antes ter sido editada em seu país. Levou pouco tempo para ela perceber que eu estava certo. Ela reescreveu o livro, em português, e publicamos no Brasil Onça Preta, um história de fixação sobre o pai perdido que é um fino passeio pela alma feminina. Assim como Parisot, Lucrecia é uma artista no sentido amplo, e também desenha brilhantemente. O livro, com espetaculares ilustrações feitas por ela própria, ficou um primor de edição. Já foi publicado em língua espanhola e começa a fazer carreira internacional. A segunda parte da minha profecia ainda está por se completar - Lucrecia ainda será editada no mercado americano, com seu livro publicado primeiro no Brasil.



Raphael Montes: ele se diz um autor policial, mas a grande qualidade de Raphael é a construção de personagens. Observador atento das pessoas, especialmente no meio em que vive, os jovens de classe média da Copacabana de hoje, Raphael faz o absurdo parecer natural e com isso vai ganhando rápido espaço no reinado do suspense psicológico. Já é publicado em 13 países, incluindo EUA e China, o que faz dele um autor internacional - e agora avança sobre novelas e minisséries. Esse, ninguém segura.



Alessandro Thomé: este ainda pouco conhecido romancista, hoje baseado em Poços de Caldas, é um dos mais brilhantes escritores contemporâneos do Brasil. Lancei seu segundo romance, A casa Iluminada, um daqueles livros que você fecha ao final como se tivesse caído de um trem. Para mim, é o autor que melhor representa os dias de hoje e um tipo de violência muito contemporânea, que parece tão mais banal quanto mais exponencial. Seus livros são tão fortes que nenhum editor ainda aceitou pegar o terceiro, Cão Maior, por receio da reação que ele pode produzir. Thomé assusta, mexe, incomoda, perturba, às vezes enoja, tira certezas, bagunça o coreto. Sem ter sido publicado, o livro já vai virando cult, como a biografia proibida de Roberto Carlos. Realmente, publicar Thomé requer coragem. Mas é a mesma coragem que se pede para enfrentar o mundo como ele é.



Livia Brazil: divertida e ao mesmo tempo comovente, Lívia se destaca entre todos os chick lits que aparecem por aí. Em Queria Tanto, livro que fizemos na Saraiva com o selo Benvirá (e cujo título me orgulho de ter feito), ela já traz sua visão reveladora sobre as mulheres e suas dificuldades de relacionamento. Perfeita para meninas, adolescentes, mulheres eternamente à beira de um ataque de nervos e todo mundo que deseja entender um pouco mais o feminino e suas sutilezas.



Oscar Nakasato: quando liguei para Oscar, e disse que tinha ganho o prêmio Benvirá, ele ficou sem chão. "Mas eu estou no supermercado", balbuciou incrédulo o professor de português da cidade de Apucarana, no Paraná. Quando lhe pedi uma foto de divulgação, mandou-me um registro em que se encontrava sem camisa, num churrasco com amigos. "Era a foto que tinha", explicou. Seu romance, Nihonjin, trabalhado com a delicadeza de um bonsai, e forte como um código samurai, revela a vida interior dos imigrantes japoneses no Brasil. E acabou levando também o prêmio Jabuti de 2012, o que causou revolta na comunidade literária, principalmente entre os medalhões ultrapassados por aquele estreante desajeitado, que tentaram desmerecer o resultado, questionando os jurados e o regulamento. Isso já bastaria para fazer de Oscar um caso único na literatura brasileira. Aguardamos agora seu segundo romance, que, segundo ele, está saindo agora no segundo semestre.




João Batista Melo: poucos romancistas contemporâneos se arriscam numa área que também é central na minha própria obra: a família. João Batista, cineasta e documentarista, faz isso muito bem em Malditas Fronteiras, que eu achei e foi publicado mais tarde, depois que saí da Saraiva.



Benedito Costa Neto: melhor contista contemporâneo brasileiro, de quem lancei na Saraiva um pequeno mas brilhante livro: "Diante do Abismo." Contos são difíceis de escrever. Os dele são pérolas. Meu preferido é "Réquiem para um Vitrúvio Negro", desafiador tanto pelo conteúdo quanto pela forma. 



PS: De volta à vida de autor, agradeço aos mais de 200 mil leitores dos meus livros de ficção e não ficção, que me mantém ainda hoje no trabalho. Muitos me contaram histórias comoventes sobre a importância que livros meus tiveram em sua vida ou em um momento de sua vida. Essa é a maior recompensa que pode ter um jovem autor, como ainda me considero: receber de volta uma resposta amiga pelo grande esforço de compartilhar a experiência humana.

terça-feira, 29 de setembro de 2015

Caixa de Amor: "Presença"

As ruas hoje estavam desertas
A luzes opacas, e fazia frio
Meu coração, de portas abertas,
Sem você ficou muito vazio

Voltei para casa sem nada
Do que pensei, vivi e senti
Era o efeito da madrugada
Mas eu te encontrei aqui

O teu baú está nesta estante
Na escada ressoam teus passos
Eu mesmo fiquei bastante
Mudado por teus abraços

Teu bichinho repousa ao meu lado
Teus bilhetes ressoam tua voz
Te possuí nua naquele gramado
(e os vizinhos só falam de nós)

Os lençóis agora têm o teu cheiro
O sofá branco manchas de amor
E ao pôr a cabeça no travesseiro
Embalo meu sono com teu calor

(São Paulo, maio de 2003)

segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Estrela permanente

Meu amor, quando eu for tão somente
Um suspiro do que fui, minha alegria
Subirá à primeira estrela do poente
Só para lembrar nesse mesmo dia

Que desde a noite em que a gente
Sem entender ainda o que queria
Num encontro assim tão de repente
Plantou uma semente e não sabia

Sob uma aparente e falsa calmaria
Germinou o amor na alma descontente
Que esperava e também amadurecia

E sei hoje na saudade mais pungente
Que você é minha estrela permanente
É você que desde sempre eu já queria

("Estrela permanente", poema inédito de um livro que eu ainda hei de fazer)


quarta-feira, 23 de setembro de 2015

A sabedoria diante do inevitável

Procuro um amigo, proponho tomarmos uma cerveja.

- Podemos nos ver, mas não bebo mais.

Estranhei.

- Mas foi recomendação médica ou decisão própria?

- Decisão própria.

Tenho outros amigos que resolveram levar vida espartana, todos no intuito de viver mais. Uns cortaram o fumo (o mais comum). Outros praticam esportes como loucos. Acreditam que cada vez que fazem algo em 1 segundo a menos estão ficando mais jovens. Desconfio que, depois de certa idade, forçar demais o corpo é que prejudica a saúde. Mas eles contribuem para as hordas que enchem as academias.

Eu não vou a academia. Por temperamento, detesto movimentos repetitivos. E não acho saudável. Fazer ginástica em esteira ou aparelhos de musculação, para mim, é como mascar chiclete - você mastiga e mastiga, mas não está se alimentando. Academia não pode ser vida saudável.

O que eu faço? Quem escreve leva uma vida muito sedentária; por isso, tento o mais possível manter a atividade física (caminhar, cuidar do sítio, fazer trabalhos manuais). Pratico algum esporte (bicicleta, piscina, futebol com o filho), mas como diversão. Acima de tudo, porém, acho que a sabedoria da saúde está em aceitar o envelhecimento.

O avanço da medicina colabora para que vivamos mais. Porém, o homem contemporâneo também rejeita cada vez mais a ideia do envelhecimento e da aproximação da morte. Com medo de morrer, vai se privando das coisas boas da vida. E vai morrendo antes da morte.

O homem difere dos animais porque bebe, fuma, se comunica por símbolos e mantém outros comportamentos que definem a civilização. Só não deixa de ser um animal que morre. Quem tem religião pode aceitar esse fato com mais tranquilidade. Mas não há Deus nas academias. De alguma forma, todos temos de aceitar e lidar com o inevitável, não lutar contra ele. É o caminho da verdadeira sabedoria. E da saúde.

Tenho um amigo, médico, que está acostumado a lidar com doenças graves e a perspectiva da morte, com que lida diariamente no trabalho. Ele tem planejado o resto de sua vida útil, onde cabe desfrutar seus prazeres prediletos. Diz, por exemplo que depois dos 70 anos voltará a fumar. Por que, daí em diante, esse tipo de restrição não faz mais diferença.

Como médico, ele não pode recomendar a pacientes e familiares certas coisas que decidiu para si mesmo. Afirma que, quando ficar seriamente doente, prefere ficar em algum lugar aprazível, onde não exista atendimento médico, ou onde o atendimento seja tão remoto que não haja tempo de hospitalização.]

Acredita que o pior pesadelo de uma pessoa é justamente não morrer - ficar num estado crítico, sustentada por caros recursos da medicina, que prolongam a vida, mas em condições inumanas ou desumanas. Assim como eu, entende que precisamos, um dia, acabar. Esse limite é até onde temos qualidade de vida.

Eu lembro de minha mãe no leito do hospital, às vésperas da morte, quando como último desejo pediu um sorvete, e com o organismo destroçado pela doença não conseguiu sequer lambê-lo. Ela me disse, meu filho, não se prive de nada na vida, não vale a pena. E me lembrou de Borges, que escreveu da velhice: se pudesse voltar no tempo, tomaria mais sorvete. E cometeria mais erros.

O caminho da sabedoria não é fácil. Estou certo, porém, que ele está muito mais dentro da nossa cabeça que no próprio corpo que agitamos nas esteiras eletrônicas. A paz de espírito é um fator fundamental para o equilíbrio do organismo. Às vezes, a angústia e a ansiedade modernas se manifestam nesssa luta insana pela fonte da eterna juventude. Isso é doença. É preciso envelhecer com tranquilidade e dignidade. Os que aceitam sua idade, estou certo, vivem mais.

Boas más notícias

André, 8 anos, saindo da escola.
- Pai, tenho uma boa e uma má notícia. Qual você quer primeiro?
- A má notícia.
Ele pensa um pouco e diz.
- Não, tem de ser a boa notícia primeiro. Se não, a má notícia não fica tão boa.

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Meninos, homens e heróis

Quando menino, todo homem sonha ser alguém, ou ter as coisas que viu alguém ter. No meu caso, esse modelo um tanto utópico foi um personagem de ficção, Peter Miller, protagonista de O Dossiê Odessa, um clássico da literatura de suspense, escrito por Frederick Forsyth.

É difícil explicar a admiração de um garoto por um modelo masculino, mas sempre há pistas. Miller só fazia o que gostava (era repórter freelance), ganhava dinheiro, vivia em aventuras (especialmente depois de decidir investigar um dossiê nazista). Tinha uma linda namorada, go-go girl de uma boate em Hamburgo que, por trás da exuberância exibida em sua profissão, escondia uma personalidade tímida e a vocação de mãe de família. Queria casar-se com ele incondicionalmente e ter um monte de crianças rosadas.

 Eu achava aquilo o máximo.

É difícil saber quanto do menino fica no homem. O fato, porém, é que todo homem desde cedo constrói uma imagem idealizada de si mesmo, que se pode identificar por meio desses ícones masculinos. Desde crianças, queremos ser fortes como o Super-Homem, ágeis como o Homem-Aranha, implacáveis como Batman, indomáveis e destemidos como Tarzan.

Quando ficamos mais velhos e começamos a entender melhor as coisas, queremos tomar martinis, usar summer jackets e levar as mulheres para a cama com a elegância fatal de James Bond, tendo ao mesmo tempo a fortuna de Goldfinger. Em geral, o modelo de homem perfeito, o verdadeiro cavalheiro, mistura coragem, estilo, elegância. E um pouco de picardia.


O filme, com Jon Voight
O importante no ícone masculino não é o carro, a roupa, a casa, as mulheres maravilhosas e tantas outras coisas desejáveis, mas a atitude. Ela mostra o que somos. Essa atitude, de quem sabe como agir nas horas certas, e conhece as coisas com que lida, faz o homem ter classe, transformar-se em alguém superior. Todo homem que se preza tem de se sentir o herói de sua própria biografia.

Claro, se pudéssemos juntar todos nossos heróis preferidos num personagem num só, teríamos então o homem corajoso, elegante, charmoso, forte, independente, capaz, culto, sagaz, sábio, talvez um tanto cínico e, não obstante, bem-sucedido. Claro, o homem perfeito não existe, mas é a tarefa da vida fazer de nós mesmos o melhor possível. Não apenas para os outros – as mulheres, os profissionais que encontramos no trabalho, o vizinho. Sobretudo, fazemos isso por nós mesmos.

Um homem com atitude se manifesta também nos pequenos detalhes. Eles fazem muita diferença. O homem com atitude sabe como preparar um dry martini, vestir um summer jacket e até conquistar uma mulher com elegância.

Porém, isso não se faz artificialmente nem como cópia dos antigos modelos masculinos. A elegância vem de dentro para fora, e não de fora para dentro. Essa é maneira mais rápida de nos aproximarmos do homem ideal - talvez ainda um tanto imperfeito, mas ao menos muito próximo do que sonhamos ser.

Faço aqui uma lista de heróis que sempre achei admiráveis desde a infância. E a razão. Talvez você se identifique com algum. Em que você se espelhou quando criança? Tem algo disso hoje na sua vida? Não se pode perder os modelos e velhos sonhos.

Batman, o dos quadrinhos, solitário e implacável, na versão
em que é também mais detetive. Nada feito no cinema se compara

O detetive Deckard, interpretado por Harrison Ford,
em Blade Runner: herói existencialista onde o figurino
implacável não esconde o coração

O corajoso e sardônico James T. Kirk, interpretado por William
Shatner, em Jornada nas Estrelas: quem queria ser Spock?

Christopher George como Ben Richards, em O Imortal,
série esquecida de 1970: um herói solitário e sempre em fuga

Fess Parker como Daniel Boone: um homem de caráter
com uma espingarda. Eu sempre quis ter um 
chapéu desses, com rabo. E uma espingarda 
Guy Williams, o melhor Zorro, na série da Disney:
bravo e ao mesmo tempo elegante, galante e espirituoso

Homem aranha, nos quadrinhos, e no desenho mais clássico,
de Steve Ditko: herói  problemático, sem perder o bom espírito

O Homem de Ferro de Robert Downey Jr é melhor que
o dos quadrinhos: playboy, milionário, gênio e herói,
sem deixar de rir de si mesmo

O personagem principal de O Homem de Virgínia era o de James Drury (à esq.),
mas eu gostava mais de Doug Mclure (ao centro), tão valente quanto, e mais simpático 
Napoleon Solo (à dir.) e Ilya Koliac, agentes da UNCLE:
Koliac era mais frio, porém Solo tinha mais charme

Nenhum outro sujeito será 007 como Sean Connery. Um ícone do homem
diante das mulheres,  do champanhe e dos bandidos

Mannix era um grande detetive, inteligente e de ação. Alguém lembra?

National Kid é meu herói mais antigo, do tempo em que as crianças
achavam que um adulto devia salvá-las. Pobres adultos
de hoje, que não salvam nem a si mesmos.

Columbo era feio, tímido, esquisito e andava com essa capa de
chuva surrada, mesmo quando não chovia. Ninguém dava 
nada por ele - e era aí que pegava o criminoso. Genial.

Tarzan - o dos livros - sempre foi meu herói favorito. Difícil transpô-lo
para a tela como é na literatura, ao mesmo tempo nobre e selvagem.
Escolhi Ron Ellis, que fez uma série nos anos 70, um
Tarzan menos musculoso, que passava gel no cabelo, mas era inteligente

William Smith como Joe Riley, em Laredo: simpático,
durão e galã, a montanha de músculos era detalhe


David Carradine, como Kung Fu: eu adorava quando,
na maior calma,  ele dava uma boa lição naqueles americanos 
presunçosos e violentos. Mas só ao rever a série, já adulto, entendi o
quanto ela era boa - e cheia de ensinamentos