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sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Mais romancista que repórter: meu placar no skoob



Roberto Civita, falecido dono da editora Abril, onde trabalhei muitos anos, certa vez encontrou o banqueiro Armando Conde, do BCN, que lhe disse estar em contato comigo, para que eu pudesse ajudá-lo a escrever seu livro de memórias. E perguntou o qeu Civita achava sobre mim.  "Péssimo jornalista", disse Roberto, com seu ar sempre blasé. "Mas é um grande contador de histórias..."

Fui pesquisar no Skoob meu placar junto aos leitores, para saber como avaliaram meus livros. E verifiquei, agora em números, que de fato sou mais romancista que repórter - os meus romances são mais bem avaliados que os livros de não ficção.

O primeiro da lista é Filhos da Terra, meu primeiro romance, que com 20 avaliações recebeu 5 estrelas de 60% dos leitores. Entre quatro e cinco estrelas, são 80% de aprovação.

No mesmo plano está O Homem que Falava com Deus, com 14 avaliações, que recebeu cinco estrelas de 64% dos leitores. Com 14% de 4 estrelas, o índice vai a 78% de aprovação.

Amor e Tempestade, meu romance mais recente, publicado originalmente pela Objetiva/Suma de Letras, tem 77% de aprovação, mas quase o mesmo número de avaliações de quatro e cinco estrelas (33% e 38%, respectivamente).

Os livros de não ficção não são tão festejados, mas também estão muito bem avaliados. O Sonho Brasileiro, biografia de Rolim Amaro, fundador da TAM, tem 70% de aprovação, entre 4 e 5 estrelas, por 25 avaliadores. A Conquista do Brasil é muito recente e recebeu por enquanto apenas 2 avaliações: uma de quatro e outra de cinco estrelas. Promete.

Se você já leu alguns desses livros, vá ao Skoob e vote! O autor aqui agradece o interesse. Isso nos ajuda a continuar trabalhando. O leitor é que manda! Meu próximo livro, por sinal, será um romance. Assim como Conquista do Brasil, será lançado pela editora Planeta.

http://www.amazon.com/Filhos-Terra-Portuguese-Thales-Guaracy-ebook/dp/B00EDXV2UW/ref=sr_1_2?ie=UTF8&qid=1439582147&sr=8-2&keywords=filhos+da+terra

terça-feira, 26 de maio de 2015

O médico e o escritor: uma história do lançamento de A Conquista do Brasil

Lançar um livro dá um certo nervoso, mas eu sempre tive experiências maravilhosas nessas noites de festa, que me lembram do motivo pelo qual eu escrevo, e a verdadeira natureza da conexão que fazemos com as pessoas.

Quando lancei Amor e tempestade, em 2009, apareceu uma moça trazendo um exemplar de O Homem Que Falava com Deus, um romance de 2003. "Mas o livro não é esse", eu disse. Ela respondeu que sabia, claro, mas pedia que eu autografasse aquele. "Queria te mostrar isso." Abriu o livro, folheou-o na minha frente: e não havia uma única página que não estivesse cheia de linhas sublinhadas ou de comentários nas margens. Estava tudo rabiscado. "Li o teu livro pelo menos 20 vezes", ela disse, para meu espanto. "Marquei cada frase." Reparei, porém, que as últimas vinte páginas estavam completamente limpas. "Não li o final", disse ela. Diante do meu espanto, explicou: "É que eu não quero que ele acabe."

Livraria da Vila, Shopping Higienópolis, quarta feira passada, 20 de maio de 2015.  Lançamento de A Conquista do Brasil. Entre parentes, amigos e leitores, surge na minha frente à mesa de autógrafos uma colega de faculdade a quem não via há trinta anos, o que já seria uma maravilha. Ela, porém, coloca na minha frente um exemplar de Campo de Estrelas.

"Mas esse não é o livro", digo eu.

"Eu sei", ela responde. "Mas eu queria que você autografasse esse aqui, para o meu marido." E disse o nome dele.

Ela explicou então que o marido estivera internado com câncer no pâncreas. E que lera para ele o meu romance no hospital. Campo de estrelas é baseado na história do meu próprio tratamento de um câncer de bexiga, mesclado à história meio mágica de uma viagem que fiz quando adolescente com meu pai, Alipio. Presente e passado se fundem para dar coragem diante da maior das angústias. "Esse livro foi muito importante para ele", disse. "Ajudou-o a sair do hospital."

Impressionado, perguntei onde estava o marido dela. "Está por aqui mesmo", ela disse. Não havia tido, porém, coragem de vir com ela me pedir autógrafo pessoalmente. Disse que podia chamá-lo, seria um prazer conhecê-lo. Atendi mais uma ou duas pessoas e ela voltou, desta vez com o marido. Levantei e fui falar com eles.

"Eu só vim para te agradecer", ele disse. "Seu livro me ajudou muito, você não faz ideia de como é importante para mim. No hospital, cada dia eu queria viver até o dia seguinte, para saber como ele continuava."

Disse também que conhecia o médico que inspirava o personagem do livro: Eric Roger, cirurgião do Einstein, que me operou e tratou. "Mas você faz o quê?" - perguntei. "Eu sou médico", disse ele.

Resolvi também fazer uma confissão. Quando Eric revelou que estava com câncer terminal, fato que escondeu por muitos anos, e ficou meses internado no Einstein, eu fui lá visitá-lo. E também li Campo de Estrelas para Eric, sentado ao lado da cama. 

Achei que seria bom aliviar a emoção do momento. 

"Acho que esse é mesmo um livro para ser lido em hospitais, como a revista Caras no cabelereiro", disse.

Rimos. Mas o abraço que aquele homem me deu na despedida trouxe a certeza de que, se não tivesse servido para nada mais, todo o meu esforço escrevendo livros estaria recompensado ali.

Lançamentos trazem surpresas. E dão energia para continuar. Meu próximo livro será um romance. Vamos ver o que acontece em fevereiro de 2016.

http://www.saraiva.com.br/campo-de-estrelas-5246424.html
http://www.saraiva.com.br/o-homem-que-falava-com-deus-4404472.html