Muita gente não está entendendo o que tem a ver o tarifaço de Trump com a política no Brasil, assim como a relação meio esquizofrênica do presidente americano com Elon Musk e Putin, a quem durante a campanha eleitoral tinha prometido apoio na guerra contra a Ucrânia -- e, agora no governo, ameaça, oferecendo mísseis Patriot à Ucrânia por meio da OTAN.
Salvem Bolsonaro e acaba o tarifaço, diz Trump? Processo contra o ministro do STF Alexandre Moraes nos Estados Unidos? Acabem com o pix no Brasil? Vamos chutar todos os estrangeiros e proibir funcionários do governo americano de usar palavras como “feminismo” e “diversidade”? O que está por trás dessa metralhadora política e econômica em escala global?
Parece que o presidente de cabelo laranja aposta no caos. E de certa forma é isso mesmo: ele ataca a ordem mundial, para instalar outra, que lhe interessa.
Tudo isso se entende com a leitura de A Era da Intolerância, um livro meu pouco observado, mas que começa a ganhar espaço nas universidades, adotado por professores para discussão em sala de aula, e que fala da origem desta crise mundial, em que mesmo os organismos internacionais perderam sua capacidade de negociação e mediação de crises.
O problema é mais que econômico, é sistêmico: estamos assistindo a uma reação à era da liberdade, em que empresas transnacionais passaram a fugir aos controles dos estados nacionais, incluindo a taxação, derrubaram empregos, impostos, e enfraqueceram os estados nacionais, tanto na sua capacidade de taxar quanto legislar.
Os estados nacionais agora buscam taxar a internet na fonte da venda, para evitar evasão de divisas; há um retrocesso conservador geral, um grande refluxo contra o globalismo, que afeta todas as áreas da atividade humana – a política, a economia, o judiciário, e mesmo as relações humanas e sociais.
A origem, ou as causas, e uma radiografia da natureza do problema, onde a intolerância é “a febre” causada pela doença, conforme digo no livro, estão lá. Assim como algumas indicações do que pode ser o futuro.
@matrixeditora
#economia
#aeradaintolerancia
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