Um homem encapuzado bateu nesta exata janela, na esquina da rua que hoje se chama Cláudio Manuel da Costa, em Ouro Preto, MG, acordando o advogado e poeta, que alugava a casa, naquela madrugada de 1789.
Avisou-o de que o alferes Xavier havia sido preso no Rio de Janeiro, aconselhou-o a fugir e correu 100 metros acima, para dizer o mesmo ao desembargador Tomás Antônio Gonzaga.
Como conto em A Exploração do Brasil (1700-1800, que está chegando às livrarias, Costa preferiu ficar.
Foi preso e dias depois, após seu primeiro depoimento no inquérito que apurava a conspiração mineira, apareceu morto numa sala na Casa dos Contos, onde cobravam os impostos e taxas na cidade, transformada em cela e quartel improvisados. Ficava um andar abaixo do salão onde os insurgentes se reuniam em noitadas até às três da manhã.
As circunstâncias da morte de Gonzaga, conforme narro no livro, permaneceram em mistério. O legista assinou um laudo segundo o qual Costa teria se enforcado com um cordão de sapato, amarrado a um móvel tão baixo que não lhe chegava na cintura.
Seu depoimento desapareceu dos autos - só reapareceu um século depois. Nele, Costa sugere que o governador, o Visconde de Barbacena, teria flertado com a ideia do golpe. E mais: que toda a milícia de Vila Rica, antigo nome de Ouro Preto, conhecia a conspiração.
Ao receber a notícia da morte do advogado, o vice-rei, no Rio de Janeiro, tio de Barbacena, mandou que os presos fossem transferidos de Vila Rica para a fortaleza da Ilha das Cobras, na baía da Guanabara, onde já se encontrava o Tiradentes, antes que perdesse outras testemunhas.
Costa, patrono da cadeira n. 2 da Academia Brasileira de Letras, pertenceu ao núcleo central da conspiração mineira, intrincado, fascinante e fundamental episódio da história brasileira, narrada com detalhes em A Exploração do Brasil.
Decifrar o que realmente aconteceu, dado que os depoimentos são defensivos e tudo foi encoberto omissões e mentiras, inclusive por parte das autoridades, requereu o esforço de uma reportagem investigativa, realizada em pleno século XXI.
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