quarta-feira, 11 de maio de 2022

A "geração da liberdade"


Já chegou às livrarias Asas Sobre Nós, meu novo livro, uma surpresa até para mim. Um grande poema e não, como esperariam talvez alguns leitores, um livro de história, ou um romance, ou mesmo memórias. Ficou sendo poesia, embora, ou talvez por essa razão, seja também tudo isso que eu faço – história, romance, memórias, reportagem.


Faz algum tempo, eu tinha esse projeto de livro, com o qual não estava sabendo lidar. Queria contar a história do nosso tempo, da minha geração, que chamo, no livro, de “geração da liberdade” - claro que do meu ponto de vista, o de quem, como tantos, viveu e participou da história recente.

Tentei escrever o livro como história. Achava tudo repisado. Tentei como memórias. Não gostei, achei presunçoso. Pensei em romance. Não saía.

É difícil ser o editor de si mesmo, então procurei uma opinião que eu mesmo, autor e editor, respeito. Já tinha levado a Pedro Paulo Sena Madureira, meu primeiro editor, outro livro, em que sofri com a mesma dificuldade, e que escrevi duas vezes, uma como prosa, outra como poesia.

Ele gostou muito do livro em prosa – mas, na forma de poesia, ficou maravilhado. Dali em diante, passou a me tratar definitivamente como se eu fosse um dos nossos monstros literários, muitos dos quais editou e de quem se tornou amigo íntimo, como Clarice Lispector.

Fez comigo o mesmo trabalho de edição que realizou com poetas como Adélia Prado. Examinamos o poema, que é um livro inteiro, frase por frase. Para mim, um assombroso privilégio. “Você é meu”, disse-me ele, ao final. Ele ainda é um editor – e possessivo com as pérolas que acredita ter achado.

Desde essa experiência, não consegui escrever mais nada sem ser dessa forma. Assim nasceu também Asas sobre nós, que passou o primeiro livro na ordem de publicação, por ser talvez mais urgente, tendo sido escrito sob o signo da pandemia. Deixou em Pedro Paulo a mesma impressão que o anterior.

É meu livro mais genuíno,  mais pessoal. Uma história afetiva, feita não de fatos, mas de amor, sonhos e realizações, certezas e perplexidades, minhas e nossas. Como eu queria, retrato da nossa época que só quem a viveu poderia fazer.

#asassobrenos
@assiriobr
#poesia
#poesiabrasileira

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