sábado, 29 de maio de 2010

Arte sob a luz



Em exposição temporária, no Museu do Prado, uma obra prima emprestada pelo museu de Boston: As Filhas de Edward Darley Boit, de John Singer Sargent, junto às Meninas de Velázquez, sua fonte direta de inspiração. Obra prima que retrata de maneira sutil mas eficaz as meninas de acordo com sua idade: das menores, na fase distante, absorta, despreocupada e brincalhona da inocência, às maiores, imersas na penumbra, tímidas, recolhidas, como que cientes de que alguém as observa, indicativos da mudança de espírito para a adolescência.



Muito contribui para esse efeito não apenas a atitude das meninas, como o efeito de luz. Nas meninas menores, ela explode num branco luminoso. Já as duas maiores apenas saem da penumbra.

A luz é essencial. É graças a ela que se pode ver o trabalho do gênio, por exemplo, num dos quadros mais extraordinários que já vi na vida, e que só pode ser apreciado no local onde se encontra: a basílica de Santa Maria Gloriosa dei Frari, em Veneza, uma nave grande e escura, onde por obras do próprio artista a luz proveniente das janelas parece incidir justamente na Nossa Senhora no momento de sua assunção – transformando-a numa aparição, um ser deslumbrante e cheio de vida, que emerge carregada pelos anjos numa prancha de nuvens às portas do paraíso.

Obra de Tiziano, um mestre.

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Em Madri encontrei meus cadernos de anotação favoritos. Da Miquelrius. Do tamanho dos moleskines, mas de papel mais fino, suave. São cadernos flexíveis, fáceis de manusear, com folhas que não soltam. Uma delícia de carregar e usar. Achei só os de folha quadriculada; folhas brancas, estranho, não há mais. Mas estes servem.

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