quinta-feira, 7 de abril de 2022

Encontros impossíveis


 Eu colecionei, na minha carreira de jornalista, entrevistas consideradas impossíveis. Lembrei agora de algumas, porque há pouco me telefonou um jornalista,  querendo que eu contasse a história de como entrevistei o banqueiro José Safra, quando ninguém sabia quem ou como ele era, nem por fotografia.


Essa história,  pelo jeito, vai parar numa biografia de Safra, com quem almocei  sozinho, numa mesa para 50 pessoas, mas vazia, tendo ele à minha frente e ao lado apenas um mordomo de luvas brancas.


Não será a primeira vez que sai publicado um livro em que o autor se apoia no que escrevi, como entrevistador de um personagem complicado. Há algum tempo saíram duas biografias de Geraldo Vandré, quando completou 80 anos, citando uma reportagem que escrevi no final dos anos 1990, mas tão rara que ainda é referência sobre ele. Tive vários encontros com Vandré, uma história surrealista, que começou depois de um mês em que eu passava bilhetes por baixo da porta da casa dele, diariamente, pois o homem que lembrou de falar em flores não tinha nem usava telefone.


Há outros casos. Fui o primeiro de dois ou três jornalistas que já entrevistaram Edir Macedo - e numa época em que ele não falava com ninguém mesmo, após ser preso. Falei com Eike Batista, quando ele ainda não dava entrevistas. E me recebeu com uma pistola em cima da mesa de trabalho.


Essas histórias estão num livro, já meio antigo e pouco conhecido: Eles me disseram, publicado pela Saraiva. Encontra-se na Amazon e algumas livrarias na seção de "linguística", sabe-se lá a razão. Creio que é para se torne tão difícil de achar como os personagens que me deram um trabalhão.


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O dia em que virei jornalista

Hoje é Dia do Jornalista, o que me lembra como entrei na profissão, ou melhor, como comecei a escrever profissionalmente. Foi por causa do ônibus.

Eu era um universitário durango, sem dinheiro até mesmo para pagar a passagem do Vila Nilo, a linha mais comprida da cidade, que passava pela Casa Verde, onde eu morava, e parava perto da Cidade Universitária, em São Paulo. Pegava sempre o ônibus lotado, sem entrar. Assim podia fazer todo o trajeto pendurado de fora, segurando nas alças da escada, como se fosse caminhão de lixo, porque se entrasse teria de passar pela catraca.

Fazia duas faculdades, Jornalismo de manhã e Ciências Sociais à tarde, ambas na USP, e precisava de dinheiro. Meu pai estava construindo uma casa em Santana de Parnaíba, não me dava um centavo, e ao mesmo tempo não queria que eu deixasse ao menos uma das faculdades para trabalhar.

Que fazer? Apelei, na época, para meu único capital: a juventude. Eu tivera uma namorada na faculdade que fazia fotos de publicidade e assim ganhava um dinheiro. Pensei fazer algo parecido. Ela faturava alguma coisa e podia continuar estudando. Eu tentaria o mesmo.

Um sujeito mais velho e que gostava de se enturmar com garotões, que conheci no clube, se dispôs a me emprestar 200 dinheiros da época e com isso fazer um “book” – fotos para distribuir em agências e produtoras, que poderiam me dar trabalho. Fiz as poses, que hoje me fazem dar risada, e levei as fotos a uma produtora de comerciais da rede Globo, que me colocou num teste para figurante de um comercial das Casas Bahia.

Viu que eu estava perdido por ali, era ingênuo e tímido, não conhecia nada daquilo, e me mandou embora. Mas indicou uma agência de modelos, chamada Totem, especializada em comerciais de televisão. "Eles vão te ajudar", disse. Lá, conheci H. e L., os sócios, que começaram a me arrumar trabalho.

Eu fazia dois ou três testes para pegar um trabalho. Gastava quatro ou cinco manhãs ou tardes por mês com isso, alguém assinava a presença em classe por mim, e eu ia levando.

A primeira vez, fui figurante num comercial da Caixa Econômica. Passava na rua, no meio de uma multidão, enquanto um ganhador de loteria, um ator com dotes de ginasta olímpico, dava saltos mortais múltiplos. Com aquele dinheiro, o primeiro que ganhei, paguei o empréstimo que tomei para fazer as fotografias. Foi para mim como ganhar também na loteria.

Depois daquilo, melhorou. Fiz um comercial do Playcenter, que então inaugurava a primeira montanha russa com um looping no Brasil. Dei seis voltas completas naquilo, com uma câmera na minha frente, para registrar a reação. “Faz cara de medo alegre”, me disse o diretor.

Tive meus cinco segundos de celebridade. Fiz uma vez um comercial de pasta de dente, sabor menta, em que eu só falava, na frente do espelho: “menta!” - com um sorriso na cara e uma escova de dentes na mão. Para meu constrangimento, aquilo pegou. Eu passava na rua, entrava na faculdade, ia a um bar, as pessoas olhavam na minha cara, riam e falavam: “menta”! “Menta” pra cá, pra lá, o dia inteiro.

Uma vez, quando eu estava num estúdio fazendo figuração para um comercial de cera de automóveis, vieram me perguntar se não queria fazer um teste para o comercial da Enciclopédia do Sexo. Fui até o segundo andar. O teste consistia em beijar uma mulher, ambos nus da cintura para a cima, durante um certo tempo, até o diretor estar satisfeito. ("Não deixa aparecer a língua!" - ele dizia).

Dei sorte, porque naquelas coisas tinha muita mulher bonita, e calhou de fazer o teste da enciclopédia com Carina Palatnik, que então era a grande estrela dos comerciais de TV – uma mulher linda, que revi anos mais tarde, por acaso, numa outra situação

embaraçosa. Estava numa delegacia, porque tinha sido assaltada. Falei com ela, mas acho que não me reconheceu (pudera!). Não passamos no teste, mas eu falava sempre dela, porque provocava um amigo apaixonado por ela, admirador de Carina na TV, só pra ele morrer de inveja e ciúme de mim.

Fiz um monte de comerciais – tirei inclusive a roupa na TV, num filme das cuecas Zorba, que felizmente ninguém sabe onde foi parar. Até que um dia fiz um teste para uma série de comerciais da Brastemp, e fui aprovado. O teste, fiz com a Giulia Gam. No dia da gravação, porém, Giulia tinha desistido e escalaram em seu lugar a Sandra Annenberg, minha amiga, hoje apresentadora da TV Globo, e que, na época, era atriz. O recorte do comercial impresso,  com foto feita pelo J.R. Duran, Sandra que me deu, tirada dos guardados de sua mãe. 

Eu fazia o papel do namorado, Caco, que tomava um balde de água na cabeça, para mostrar as virtudes da nova secadora Brastemp – e era flagrado pelo pai da namorada, na casa dele, vestido apenas com o robe de chambre que lhe pertencia. Uma historinha picaresca, que para ficar do jeito pretendido pelo diretor, Clemente, da Denison propaganda (olhava para as plantas do cenário e dizia: "minha homenagem ao Walter Hugo Khouri"), me custou vários e vários baldes de água fria na cabeça, literalmente.

O balde caía de cima de uma porta quando eu entrava, eu tomava aquele banho e, num outro recinto da casa de mentira dentro do estúdio, uma passadeira esquentava a ferro as mudas de roupa para eu poder tomar outro banho.

O contrato com a Brastemp foi uma beleza. Pediam exclusividade, então eu fiquei um ano inteiro ganhando um salário mensal, durante a vigência da campanha, sem poder trabalhar. Minha mãe ganhou de presente da Brastemp uma lava-louça, novidade para a época – dona Marlene nem acreditou quando aquela coisa enorme entrou numa caixa dentro de casa.

Graças àqueles baldes na  cabeça, ganhei dinheiro suficiente para completar os estudos, me formando naquele ano, sem precisar trabalhar ao mesmo tempo. E comprei para ir à escola um carro, um Fiat 147, usado,  mas bem melhor que andar pendurado no ônibus.

Quando eu estava para me formar, e o contrato de exclusividade por terminar, H., que eu não via há muito tempo, me chamou na agência. Disse que L., seu sócio, tinha dado um calote na praça e desaparecido.

Sabia que eu estava me formando em jornalismo e precisava de um favor. Queria que eu escrevesse por ele uma carta ao mercado, dizendo que nada tinha com aquele calote, continuava e precisava trabalhar.

Escrevi a carta. Ele me agradeceu e perguntou, uma vez que o contrato da Brastemp estava terminando, se eu queria voltar à agência. Eu lhe disse então exatamente as seguintes palavras:

- Obrigado, mas essa carta foi a primeira coisa que eu escrevi profissionalmente. É o que vou fazer. Agora sou jornalista.

Agora sou jornalista. É a frase que, desde então, eu repito com orgulho.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2022

A Ucrânia e um futuro que chegou


O que nos trouxe ao mundo de hoje, no qual as democracias novamente perdem espaço para regimes autoritaristas, como o que avança sobre a Ucrânia, pode ser compreendido, fato por fato, em A Era da Intolerância - livro que publiquei ano passado, pela editora Matrix. Para mim, dele ficou sobretudo esta reflexão.

No fundo, o problema do mundo é que sempre temos dificuldade de tomar medidas amargas, preventivamente, quando tudo está indo bem. Foi assim no avanço da liberdade, da democracia e da economia liberal, que gerou grande riqueza e progresso.

Se está indo bem, para que a preocupação com o futuro? Assim, os problemas decorrentes da própria liberdade foram crescendo. As pessoas vivem mais, a população aumentou exponencialmente. A tecnologia ajudou, mas cortou emprego.

Tudo isso foi gerando em todo o mundo um grande passivo acumulado. Ela se traduz na forma da miséria, da exclusão e da tensão social. Dava para ver que isso aconteceria. Mas como era algo para o futuro, pouco fizemos. Só que o futuro chegou, é agora.

Como sempre, a humanidade espera a situação ficar ruim para tomar alguma providência amarga. Só que essa providência não pode ser a guerra. Ainda mais num tempo em que a crueza da morte num conflito desses chega a nós em tempo real.

A Ucrânia tem uma democracia frágil, que como a de muitos países não resolve a crise, a ponto de ter eleito um presidente que é quase um anti-presidente, uma figura de protesto. E há uma disputa sobre a influência no país entre o mundo ocidental, mais democrático, e a Rússia, com quem a Ucrânia tem de fato uma proximidade histórica.

Kiev, que hoje é invadida pelos russos, já foi célebre bastião da defesa dos então russos soviéticos contra a invasão da Alemanha hitlerista. Dessa forma, não é simples definir a Ucrânia, exceto o fato de que um país pertence aos seus cidadãos, identificados como nação por sua identidade territorial, cultural e histórica.

A situação da democracia no mundo, e os meios de tornar eficazes as políticas para solucionar a crise, na Ucrânia e no mundo, merecem discussão e ação. Mas ação não é a guerra, porque na guerra ninguém tem razão. E, quando essa linha se quebra, perdemos todos.

Mais? Link:
https://a.co/d/hUwyYCq

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2022

Para entender a Rússia - ou não

Canhão histórico no Kremlin
Pra nós que fomos à Rússia na Copa de 2018, fica difícil imaginar o país novamente em guerra. Mas isso não é novidade para eles, que há não muito tempo fizeram uma guerra (e perderam) no Afeganistão.

Os jovens na Rússia falam inglês, tocam rock nas praças, são uma geração globalizada, como no resto do mundo.

Ainda assim, não havia plena liberdade de expressão. As pessoas falam pouco. Há um clima de muita ordem, mas também de um certo medo.

Em Kazã, aonde fui com meu filho ver o jogo do Brasil, ouvi que o Cazaquistão tecnicamente é um país independente (como a Ucrânia). Porém, as pessoas falavam do governo como se pertencessem à Rússia. Tentei que me fizessem explicar como funcionava isso na prática e não consegui.

Fiquei com a impressão de que eles consideram a Rússia ao mesmo tempo como outro país e o seu país, de uma forma não excludente. A Rússia seria assim uma espécie de federação - uma nova roupagem para a antiga União Soviética.

A cordialidade do russo não significa que eles sejam contra a guerra, contudo. A Rússia é bela e tem cidadãos estoicos, capazes de dar a vida pelo que entendem ser o bem comum. Eles defendem o país de qualquer forma, diferentemente do brasileiro.

No estádio em Kazã, pude testemunhar isso. Quando o Brasil perdia, os torcedores russos olhavam para o lado e ficavam indignados com os torcedores brasileiros, que estavam calados. Então o estádio inteiro começou a torcer para o Brasil. Mas eram os russos, que gritavam: "Brasilia" Brasilia!"

Esse espírito coletivo na adversidade, na qual somos tão pouco solidários, chama a atenção, no país. Lembrei disso ao assistir a ótima séria sobre Chernobyl, especialmente o momento em que os mineiros são chamados a ir para a morte, jogar cimento no coração da usina que está derretendo o solo, numa fissão descontrolada. São chamados, e vão.

Ainda assim, é difícil pensar numa guerra dessa proporção em pleno Século XXI, nem importa se há alguma razão. Nos dias de hoje, qualquer guerra é absurda.

Se Putin tinha algum apoio, deve desmanchar como Chernobyl. O mundo não merece isso. A começar pelos ucranianos. Apesar do que diz o governo russo, as cenas que estamos vendo não são de instalações militares destruídas.

As vítimas são gente comum, famílias em sangue, civis mortos estendidos pela rua. Virou um caos a vida num país que ontem já tinha problemas o suficiente.

Quando a intolerância e a ambição matam o bom senso, voltamos à selvageria. Isso não pode acontecer. O caso da Ucrânia é um alerta de que se deve sempre defenestrar os tiranos do poder o quanto antes, de modo a evitar que cometam algum desatino pior.

sábado, 22 de janeiro de 2022

Elzas e outras


A última vez que vi Elza foi na abertura de uma Flip, em Paraty, há alguns anos. Já estava debilitada e chegou carregada até o palco.

Eu estava na plateia  ao lado da Raissa Castro, editora da Verus, e lembro bem de tudo por causa de um incidente que muitas mulheres acham acontecer só com elas.

Durante o espetáculo, uma mulher, que devia cheirado ou bebido grande quantidade de alguma coisa, começou a dizer que queria me agarrar. E, a certa altura, passou literalmente por cima da Raissa, que estava sentada entre nós, e me agarrou mesmo, subindo por cima de mim como um macaco, tentando me beijar. O espetáculo meio que parou, naquela confusão. A mulher foi retirada de cima de mim à força, por um segurança. 

Aquilo deixou certo constrangimento no ar, mas pude ver o fim do show. Mesmo fragilizada, Elza continuava com sua poderosa voz e, sem sair da cadeira , galvanizava a plateia.

Coisas da vida de editor, que acaba vendo, ouvindo e passando por tudo - do belo ao bizarro. No fim, valeu por testemunhar duas coisas: como uma mulher pode ser e fazer tudo o que se atribui a homens, e a exibição de uma das maiores artistas brasileiras, capaz de provar que o esplendor não tem idade.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2021

Um grande ano

Para mim, 2021 foi um ano maravilhoso.

Lancei dois livros para mim muito importantes. Xal, a história da menina de rua que vira líder de rebelião no presídio, é um livro chocante e, para mim, grande parábola dos desafios de hoje. A história de Adriana é um triste Brasil que o Brasil tem de resolver. E isso começa pela nossa conscientização.

A Era da Intolerância fala de outra das minhas grandes preocupações: a influência do mundo global sobre o nosso mundo particular. Fala das grandes transformações da nossa era.
Talvez seja um livro para ser lido daqui a vinte anos, mas, ao estudar para escrevê-lo, aprendi muito. 

Ele mudou minha maneira de ver a era contemporânea. E reafirma os valores da liberdade e da igualdade, minha razão de viver.

2021 foi também um ano de grandes encontros. Fiz um espetáculo de poesia e música no Porto. Em Portugal, fechei um negócio que me abre novas perspectivas. Conheci lugares e pessoas sensacionais. 

Viajei longe, no mundo e para dentro de mim mesmo.

Sobretudo, 2021 foi para mim um ano de amadurecimento extraordinário. Resultado de experiências nem sempre fáceis, descobri um novo e instigante caminho, que me faz ver de novo o futuro com alegria e entusiasmo.

O aprendizado e o auto conhecimento, que trazem a possibilidade de mudar tudo e construir um futuro melhor, fizeram de 2021 um ano revelador e, como consequência, de extraordinário impulso criativo. 

Escrevi mais dois livros, que me descortinam uma nova etapa da vida, e sobre os quais poderei falar em breve.

Dessa forma, estou muito otimista em relação a 2022. Não só por mim, mas pelo exemplo de que, às vezes depois de grande sofrimento, e apesar de perdas e decepções que deixam marcas fundas na vida, podem existir tempos ainda melhores.

Essa mudança só depende de nós. Não se pode esperar pelo que acontece em Brasília ou o que não depende da gente. O Brasil e o mundo começam por cada um.

Claro que ninguém faz nada sozinho. Por isso, quero agradecer aos muitos amigos e pessoas queridas que acompanharam de perto essa minha transformação e me deram um fundamental apoio este ano. Tiveram paciência comigo, me deram comida, me deram carinho, me deram abrigo e me deram o seu bem mais importante, que é a presença.

É bom ainda ter gente em que se possa confiar. É bom ter gente verdadeiramente ao seu lado. Não precisarei nomear ninguém aqui, pois essas pessoas sabem quem são. A elas um especial muito obrigado.

E a todos os meus votos de que em 2022 tenhamos um ano de realização de sonhos, com saúde e mais harmonia, duas preciosidades da vida que urgentemente precisamos resgatar.

quarta-feira, 8 de dezembro de 2021

Britânico lembra o Brasil do que é Brasil


O Brasil anda pra baixo, em crise econômica e de ânimo, desacreditado de si. Foi preciso um britânico para lembrar o Brasil do Brasil.

Lewis Hamilton, 7 vezes campeão mundial, teve neste neste domingo passado (13.nov.2021) o seu dia de Ayrton Senna. E o Brasil teve de volta o seu dia de Brasil.

Há vitórias que definem os melhores. Há vitórias que criam as lendas. Ontem, Hamilton foi Ayrton e foi o início da sua própria lenda.

Tomou punições, teve de largar em 20º no treino, acabou em 5º; punido de novo, largou em 10º e ganhou a corrida. Pegou a bandeira brasileira e levou-a tremulando na volta do triunfo, depois ao pódio. Emocionante, especialmente para quem já viu essa “cena” no passado, a começar por ele mesmo.

Foi preciso um piloto britânico de uma equipe alemã para lembrar o Brasil do que é o Brasil. Ou o que pode ser o Brasil.

O país de Ayrton, das vitórias impossíveis, o país do homem que não desiste, o país do homem que sai das cinzas e mantém acesa a esperança. Ontem o britânico Hamilton, pulsante como um brasileiro, foi Ayrton –e, repito, foi Brasil. Resta ao Brasil ser ele mesmo.