A Editora Abril acabou de anunciar o fim da revista Playboy, uma história de 40 anos, parte do processo que vai reduzindo a maior editora brasileira de revistas a uma realidade bem menor.
É possível que o título reapareça em papel ou digitalmente por uma outra editora, mas o certo é que nada será como antes, já que a própria Playboy americana anunciou que deixará de publicar o nu feminino. E que irá se concentrar na parte antes menos notória, mas de igual qualidade da publicação, que são as reportagens, entrevistas e o serviço de estilo de vida.
Com a enorme oferta de material pornográfico na internet, de fácil acesso, e muito mais variado, deixou de ser atrativa uma publicação presa a uma certa fórmula, que dependia do papel, da circulação física e das receitas de publicidade.
Com dificuldades financeiras, passou a ser mais difícil contratar as mulheres célebres que fizeram a história da publicação - e ficaram na memória de tantos meninos que cresceram tendo a revista como ícone do ideal masculino. Playboy era uma espécie de instituição onde se experimentava tudo do bom e do melhor. E para a qual não havia mulher impossível.
Playboy sempre foi a publicação que trazia aquilo que todo menino queria ver. Só que hoje nada mais é igual: as mulheres, os meninos e as publicações. Por sua fórmula, que proibia qualquer tipo de situação que sugeria sexo ou alguma forma de abuso da mulher, Playboy foi se tornando um tanto inocente para os dias de hoje, em que esse tipo de pornografia hoje parece quase infantil diante de tudo o que se encontra com facilidade no ambiente virtual - do sexo explícito ao sadismo e a escatologia.
As mulheres que saíram em Playboy, possivelmente, serão para os garotos do futuro o que as antigas pinups foram para os adultos de hoje: um erotismo um tanto primário, mas que guarda certa beleza e sedução, como um retrato vintage de seu tempo.
Para diversas gerações, ver uma mulher nua era literalmente ilegal e proibido. No passado, havia um certo esforço para conseguir a revista antes da maioridade. Era preciso contar com o irmão mais velho ou um jornaleiro conivente. Playboy se escondia da mãe (e do pai) debaixo da cama ou algum lugar secreto.
Era um objeto de desejo, de curiosidade, que levava a beleza e as formas da mulher a um mundo de mistério, de alumbramento, de adoração. Por isso, ao contrário do que poderia parecer, valorizava as mulheres, em vez de vulgarizá-las.
Esse sentimento, que começava para os garotos na adolescência, era levado para a vida adulta, assim como a fidelidade à publicação.
Não conheci ainda uma mulher que não gostasse de se sentir desejada. Esse era o efeito de Playboy: fazer a mulher entrar numa galeria histórica que será lembrada através dos tempos, congelando sua beleza no verdadeiro auge.
Isso ainda poderia continuar, mesmo com menos dinheiro. Foi isso o que defendi ao reduzir dramaticamente o cachê pago às mulheres de Playboy, sem perder a qualidade e o encantamento da produção, quando tive a oportunidade de dirigir a revista, há 3 anos.
Procurei ainda trazer estrelas, mesmo com menos recursos, e conquistamos ótimos resultados, que garantiram a sobrevivência do título por pelo menos mais dois anos. Era a maior receita da Editora Abril na internet. E havia a possibilidade de expansão no terreno virtual.
Fizemos algumas capas dignas da história da revista, como a de Nanda Costa, então estrela da novela da TV Globo no horário nobre, maior venda da revista em três anos, desde Adriane Galisteu. Da atriz Antonia Fontenelle, despertando da viuvez célebre. Pietra Príncipe, a desbocada e provocadora loirinha da TV. Aline Franzoi, primeira evangélica a tirar a roupa para a revista. Mari Silvestre. Meyrielle Abrantes, ex do senador Jarbas Vasconcelos. E outras que mereceriam também aqui uma menção.
Quando entrei, não havia um único ensaio pronto. Quando saí, além do que já tinha ido para as bancas, deixei seis contratos assinados com mulheres que seriam publicadas nos meses subsequentes.
Porém, decidida a não continuar com títulos licenciados, a editora preferiu esvaziar o site e cortou à Playboy brasileira o caminho para o futuro. Foi aí que se deu minha saída. Com a morte de Roberto Civita, que me convidara para o cargo, mas faleceu numa cirurgia ao mesmo tempo em que eu assumia a direção da revista, entendi que eu era o único ali a defender a publicação e trabalhar para uma solução. A equipe que se seguiu, do jornalista Sérgio Xavier, conseguiu ainda conduzir a publicação com méritos e profissionalismo até o seu destino já traçado.
Vai-se Playboy na Editora Abril e toda uma era. Vira-se uma página importante da história da imprensa. Começa a ser revisto pela matriz o próprio conceito da Playboy como estilo de vida, que para muitos também já vai ficando fora de moda. O que foi feito, no entanto, será sempre um retrato da beleza em uma certa época, que tem os seus ícones, assim como a Vênus de Milo é a melhor lembrança da beleza feminina no helenismo, para nós, homens, e todos os admiradores do belo.
quinta-feira, 19 de novembro de 2015
quarta-feira, 18 de novembro de 2015
O terror é a arma dos fracos
Dezenas de milhares de ingleses se vestiram com as cores da França para ver o jogo França e Inglaterra e cantaram sem errar a Marselhesa no clássico estádio de Wembley, em Londres. Um evento público impressionante, que não foi um jogo de futebol e sim uma bela manifestação política. E um manifesto contra o medo. Um sinal coletivo comovente e histórico de que a sociedade não sucumbirá ao que desejam os terroristas que assassinaram 129 pessoas em bares e na casa de shows Bataclan, em Paris.
O terror é a arma dos fracos. Um único kamikaze ou um grupo armado pode transformar a vida cotidiana em uma paranoia infernal no mundo inteiro. Experimentei isso quando morei em Nova York, em 2005, pouco depois do atentado contra as torres gêmeas. Pessoas olhavam desconfiadas quando alguém com jeito de árabe entrava no metrô. Receava-se ir a lugares públicos. Uma garrafa largada em qualquer lugar fechava uma rua. O medo é a vitória do terror.
O terrorismo, no entanto, é seu próprio inimigo. Traz de volta nas pessoas o espírito coletivo. Une o mundo civilizado. Lembra a todos que cada um tem seu papel na busca pela paz. Faz de cada cidadão um vigilante contra a barbárie.
Poucos países do mundo podem se orgulhar de uma história tão ligada à liberdade, à igualdade à a fraternidade quanto a França, que fez desse tríptico seu lema histórico. O alvo dos ataques foi bem escolhido, se pretendia levantar o mundo contra o extremismo.
O atentado em Paris tem um lado irônico. A Cidade Luz e a França são alvo de terroristas justamente pela liberdade com que recebem estrangeiros e por sua humanidade. A França tem uma pesada conta social, para dar educação e saúde à população mais pobre, que forma hoje a periferia da capital. Ela é em boa parte feita de expatriados muçulmanos, que foram para lá na esperança de uma vida melhor.
Estamos na era da intolerância. Não se pode confundir o terrorismo extremista e bárbaro com o islamismo ou o mundo árabe. O radicalismo fundamentalista é coisa de uma minoria, talvez ainda menor que o extremismo de direita, por exemplo, na sociedade americana. E que já foi responsável por atentados igualmente execráveis, como a bomda de Oklahoma ou o assassinato dos irmãos Kennedy.
O que falta ao mundo livre, isso sim, é um melhor serviço de inteligência. Não se pode tolher a liberdade de ir e vir, e é preciso respeitar a privacidade e os direitos dos cidadãos. Porém, também é preciso monitorar melhor o risco de ataques como o ocorrido em Paris, e neutralizá-los antes que aconteçam. Quando um atirador entra num restaurante matando gente inocente, o serviço de inteligência já falhou.
O terror não se combate com exércitos, nem repressão, ou patrulhamento moral. É um crime como outro qualquer, que demanda prevenção.
A França, em Londres |
O terrorismo, no entanto, é seu próprio inimigo. Traz de volta nas pessoas o espírito coletivo. Une o mundo civilizado. Lembra a todos que cada um tem seu papel na busca pela paz. Faz de cada cidadão um vigilante contra a barbárie.
Poucos países do mundo podem se orgulhar de uma história tão ligada à liberdade, à igualdade à a fraternidade quanto a França, que fez desse tríptico seu lema histórico. O alvo dos ataques foi bem escolhido, se pretendia levantar o mundo contra o extremismo.
O atentado em Paris tem um lado irônico. A Cidade Luz e a França são alvo de terroristas justamente pela liberdade com que recebem estrangeiros e por sua humanidade. A França tem uma pesada conta social, para dar educação e saúde à população mais pobre, que forma hoje a periferia da capital. Ela é em boa parte feita de expatriados muçulmanos, que foram para lá na esperança de uma vida melhor.
Estamos na era da intolerância. Não se pode confundir o terrorismo extremista e bárbaro com o islamismo ou o mundo árabe. O radicalismo fundamentalista é coisa de uma minoria, talvez ainda menor que o extremismo de direita, por exemplo, na sociedade americana. E que já foi responsável por atentados igualmente execráveis, como a bomda de Oklahoma ou o assassinato dos irmãos Kennedy.
O que falta ao mundo livre, isso sim, é um melhor serviço de inteligência. Não se pode tolher a liberdade de ir e vir, e é preciso respeitar a privacidade e os direitos dos cidadãos. Porém, também é preciso monitorar melhor o risco de ataques como o ocorrido em Paris, e neutralizá-los antes que aconteçam. Quando um atirador entra num restaurante matando gente inocente, o serviço de inteligência já falhou.
O terror não se combate com exércitos, nem repressão, ou patrulhamento moral. É um crime como outro qualquer, que demanda prevenção.
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terça-feira, 3 de novembro de 2015
A maior das lições
23:29 de 3 de novembro. Faz algum tempo que acabei o romance que será publicado ano que vem. Escrevo agora o livro mais difícil da minha vida. Nem sei se terei coragem de apresentá-lo um dia. Acabo esse trecho, abaixo. Não falta tanto para o fim. Escrevo na esperança de que tenha um fim. Mas receio que nunca acabe.
"Quando minha mãe morreu, meu filho tinha dois anos de vida. Eu olhava para ele como se olhasse para mim mesmo no começo de tudo. Meu filho estava aprendendo a viver. Andava sem dar a mão, aproximava-se de desconhecidos, avançava curioso sobre tudo. Descobria como o mundo é maravilhoso. Avaliava a importância de cada pessoa que conhecia, dentro do seu universo. (“Você é o meu vovô?”, perguntava repetidas vezes a meu pai). Via o sol, as estrelas. Experimentava, fantasiava. Certo dia, apanhei-o batendo com um tubo de cola na testa. Tentava colar nele mesmo a sua sombra.
É duro aprender a viver; mais duro ainda é aprender a viver com a morte. Pessoas que perderam cedo os pais ou outros entes queridos têm de fazê-lo também cedo. Não existe uma ordem natural para as coisas; o destino muitas vezes é tomado pelo acaso e só nos resta enfrentá-lo como ele vem.
É difícil encarar a morte enquanto estamos cheio de vida; ela não pode se tornar uma sombra, pois aquele que chora todos os dias, ou que teme o fim diariamente, morre um pouco também todos os dias. É preciso assimilar as piores tristezas e os fatos mais duros da existência e ainda assim manter a cabeça erguida, a dignidade e sobretudo a alegria.
Eu me encontrava nesse estágio do aprendizado; via a vida florescer, ao mesmo tempo em que tinha de aprender a conviver com a dor da grande perda. Era sorte, ser também pai; isso me ajudava a manter a coragem de seguir em frente, pois exigia uma motivação superior a qualquer tristeza.
Filhos são um bem do céu, não porque nos trazem felicidade, mas porque pedem de nós a felicidade. Não apenas dão alegria, como a exigem de nós. Por eles, todos os dias temos de sorrir, de brincar e esquecer nossos males. Crianças não nos dão tempo para a dor.
Ao mesmo tempo em que ensinamos os filhos, aprendemos com eles. Não é apenas pelas crianças que se deve seguir em frente, mas por nós mesmos, e pela criança que há dentro de nós. É na infância, a nossa e dos nossos filhos, ou dos que vêm depois, que está uma fonte permanente de felicidade. Por isso, aquele que não ri nem se alegra com as crianças está morrendo sem saber.
Aquele que aprendeu a viver com a morte talvez esteja mais preparado para aprender a morrer; cada etapa parece servir de antesala da próxima, cada degrau da sabedoria leva a outro. Provavelmente, quando não achamos um degrau, ou perdemos o pé, é porque não subimos direito o anterior."
"Quando minha mãe morreu, meu filho tinha dois anos de vida. Eu olhava para ele como se olhasse para mim mesmo no começo de tudo. Meu filho estava aprendendo a viver. Andava sem dar a mão, aproximava-se de desconhecidos, avançava curioso sobre tudo. Descobria como o mundo é maravilhoso. Avaliava a importância de cada pessoa que conhecia, dentro do seu universo. (“Você é o meu vovô?”, perguntava repetidas vezes a meu pai). Via o sol, as estrelas. Experimentava, fantasiava. Certo dia, apanhei-o batendo com um tubo de cola na testa. Tentava colar nele mesmo a sua sombra.
É duro aprender a viver; mais duro ainda é aprender a viver com a morte. Pessoas que perderam cedo os pais ou outros entes queridos têm de fazê-lo também cedo. Não existe uma ordem natural para as coisas; o destino muitas vezes é tomado pelo acaso e só nos resta enfrentá-lo como ele vem.
É difícil encarar a morte enquanto estamos cheio de vida; ela não pode se tornar uma sombra, pois aquele que chora todos os dias, ou que teme o fim diariamente, morre um pouco também todos os dias. É preciso assimilar as piores tristezas e os fatos mais duros da existência e ainda assim manter a cabeça erguida, a dignidade e sobretudo a alegria.
Eu me encontrava nesse estágio do aprendizado; via a vida florescer, ao mesmo tempo em que tinha de aprender a conviver com a dor da grande perda. Era sorte, ser também pai; isso me ajudava a manter a coragem de seguir em frente, pois exigia uma motivação superior a qualquer tristeza.
Filhos são um bem do céu, não porque nos trazem felicidade, mas porque pedem de nós a felicidade. Não apenas dão alegria, como a exigem de nós. Por eles, todos os dias temos de sorrir, de brincar e esquecer nossos males. Crianças não nos dão tempo para a dor.
Ao mesmo tempo em que ensinamos os filhos, aprendemos com eles. Não é apenas pelas crianças que se deve seguir em frente, mas por nós mesmos, e pela criança que há dentro de nós. É na infância, a nossa e dos nossos filhos, ou dos que vêm depois, que está uma fonte permanente de felicidade. Por isso, aquele que não ri nem se alegra com as crianças está morrendo sem saber.
Aquele que aprendeu a viver com a morte talvez esteja mais preparado para aprender a morrer; cada etapa parece servir de antesala da próxima, cada degrau da sabedoria leva a outro. Provavelmente, quando não achamos um degrau, ou perdemos o pé, é porque não subimos direito o anterior."
domingo, 1 de novembro de 2015
O Corinthians nos dá esperança
Eu, mesmo sendo palmeirense, não posso deixar de registrar minha admiração pela forma como o Corinthians vai ganhando o campeonato brasileiro. Tranquilamente. O clube, e seu técnico, Tite, nos dão esperança. Mostram que existe competência no futebol brasileiro. E indicam como seria bom ter essa mesma competência na seleção.
Tite é um homem, no sentido legítimo da palavra. Não ficou reclamando quando perdeu dois de seus jogadores mais importantes - Sheik e Guerrero. Foi trabalhar. Armou um time bem organizado, e também de homens, que não tremem na hora da decisão.
Sem nenhum grande talento no elenco, Tite mostrou que um sistema de jogo consistente compensa a falta de craques. O Corinthians dá até a impressão de que Jadson, Renato Augusto e Elias são superjogadores. Não são. Porém, funcionam tão bem dentro de um time azeitado que parecem melhores do que são.
Tite foi o único técnico a não reclamar do calendário. É verdade que o Corinthians caiu cedo da Copa do Brasil e assim pôde jogar exclusivamente o brasileiro, mais concentrado e descansado na competição que outros concorrentes. Porém, Tite usou o desgaste do longo campeonato a seu favor. Mostrou que, quando o campeonato é desgastante, aquele que é mais regular, coerente e se preparou melhor prevalece no final.
O futebol avançou no aspecto técnico e parece que Tite melhorou do ano passado para este. Dizem que é porque ele fez um estágio na Europa. Bobagem. Tite usa truques de velho boleiro brasileiro. Nos treinos, por exemplo, obriga os jogadores a jogar sem caneleiras. Isso faz com que treinem sem fazer faltas pesadas.
Como consequência, o Corinthians, além de ter o maior número de pontos, a artilharia do campeonato e a defesa menos vazada, é também o time que tem menos cartões amarelos, faz menos faltas e mais rouba bolas. Isso é resultado do treinamento, em que ele força os seus jogadores a evitar o choque faltoso, indo somente na bola.
Ele é vaidoso, fala de um jeito meio rebuscado, o que coloca em dúvida até se é bem entendido pelos jogadores. Porém, é uma verdadeira liderança, que dá confiança à equipe, e respaldo para o que fazem. Por meio de uma formação competente, que depende menos de peças individuais, o conjunto tira um pouco o peso da responsabilidade de cada um - ou melhor, o distribui entre todos. Uma boa receita para a seleção brasileira, que encontra-se num período de entressafra, carente de craques, com a exceção de Neymar.
Muita gente já se pergunta por que Tite não está no lugar de Dunga na seleção. Com razão. Dunga perdeu a Copa América, mas não é por isso: a seleção não inspira confiança em ninguém e está longe de se recuperar da desmoralizante derrota de 7 a 1 para a Alemanha na última Copa. Isso se consegue não apenas com resultados. Depende também de um futebol categórico. Como aquele que o Corinthians vem jogando.
Tite já foi campeão mundial de clubes pelo Corinthians e ganhou os principais títulos nacionais como técnico. Dunga nunca ganhou nada como técnico. Como jogador, foi campeão mundial, é verdade. Porém, era o símbolo de uma era sem talento, a chamada "era Dunga". Capitão da equipe, ao levantar a taça, usou seu momento de glória para falar um palavrão. Uma vergonha nacional. Pode ser considerado um vencedor, pelo simples fato de estar onde está, mas não conquista respeito.
O técnico do Corinthians não tem experiência em seleções. Porém, é uma liderança melhor. No mínimo, tem mais educação.
sábado, 31 de outubro de 2015
Cunha, as mulheres e o desprezo pela moral
As mulheres foram às ruas prostestar contra a mudança na lei que dificulta o aborto legal em casos de estupro. O autor do projeto? Eduardo Cunha. Deputado do PMDB, presidente da Câmara. O mesmo que recebia dinheiro escuso em troca de influência e o mandava para a Suíça. O mesmo que está tão enrolado nas falcatruas do governo federal quanto o próprio governo.
Não é coincidência. Cunha revela o que está por trás de todas as suas ações. Trata-se de uma coisa só, alarmante e disseminada na elite e no Congresso brasileiro. É o desprezo pela moral.
Ele não se importa com os outros. Não sente o peso da responsabilidade pelo que faz. Não se importa com a mulher que entra no hospital e não pode receber assistência depois de ser violentada, porque não cumpriu "exigências legais". Que o hospital possa ser legalmente punido se lhe der assistência e a "pílula do dia seguinte".
Cunha não se importa com os brasileiros que passam fome ou lutam com dificuldade. Nem com o fato de que sua maneira de agir deturpa todo o sentido do sistema representativo e democrático.
Cunha não se importa de usar o cargo que recebeu para trocar favores com o governo, no sistema de proteção mútua, em que usa sua posição no Congresso para proteger Dilma, e recebe apoio em troca para protegê-la. Nem de ser o homem mais odiado do país.
A corrupção é simbiótica. Uns dependem dos outros. Antes dela, porém, vem a falta de moral. É a falta de moral que leva um cidadão num cargo público a trair quem votou nele e defender interesses escusos pensando em si em primeiro lugar. É a falta de moral que leva a acreditar que não há moral e que qualquer ação é justificada. É falta de moral manter o poder apoiado na cumplicidade das negociatas, e não no espírito público, que deveria nortear a nomeação de um representante do povo.
A falta de moral vem antes da falta de ética, antes da desonestidade. A ética é uma forma de conduta balizada pela moral. Assim como a honestidade. Para o indivíduo amoral, não existem barreiras éticas ou legais. Existe apenas o que ele quer.
Na realidade, a falta de moral destrói o indivíduo. Dá a sensação de impunidade, porque o amoral imagina que a moral á sua volta não tem importância. Esse elemento é o que cria um psicopata. Quem despreza a moral, quem despreza o outro, acaba desprezando a lei. Na cabeça dele, Cunha não cometeu nenhum crime, não fez mal a ninguém. A ausência de moral justifica os atos do vigarista, do corrupto, do criminoso, e do louco. Tira-lhe a carga da condenação pública. Assim ele pode dormir tranquilo, fazendo o que faz.
Resta à sociedade mostrar que as coisas não são assim. E colocá-lo no devido lugar.
Não é coincidência. Cunha revela o que está por trás de todas as suas ações. Trata-se de uma coisa só, alarmante e disseminada na elite e no Congresso brasileiro. É o desprezo pela moral.
Ele não se importa com os outros. Não sente o peso da responsabilidade pelo que faz. Não se importa com a mulher que entra no hospital e não pode receber assistência depois de ser violentada, porque não cumpriu "exigências legais". Que o hospital possa ser legalmente punido se lhe der assistência e a "pílula do dia seguinte".
Cunha não se importa com os brasileiros que passam fome ou lutam com dificuldade. Nem com o fato de que sua maneira de agir deturpa todo o sentido do sistema representativo e democrático.
Cunha não se importa de usar o cargo que recebeu para trocar favores com o governo, no sistema de proteção mútua, em que usa sua posição no Congresso para proteger Dilma, e recebe apoio em troca para protegê-la. Nem de ser o homem mais odiado do país.
A corrupção é simbiótica. Uns dependem dos outros. Antes dela, porém, vem a falta de moral. É a falta de moral que leva um cidadão num cargo público a trair quem votou nele e defender interesses escusos pensando em si em primeiro lugar. É a falta de moral que leva a acreditar que não há moral e que qualquer ação é justificada. É falta de moral manter o poder apoiado na cumplicidade das negociatas, e não no espírito público, que deveria nortear a nomeação de um representante do povo.
A falta de moral vem antes da falta de ética, antes da desonestidade. A ética é uma forma de conduta balizada pela moral. Assim como a honestidade. Para o indivíduo amoral, não existem barreiras éticas ou legais. Existe apenas o que ele quer.
Na realidade, a falta de moral destrói o indivíduo. Dá a sensação de impunidade, porque o amoral imagina que a moral á sua volta não tem importância. Esse elemento é o que cria um psicopata. Quem despreza a moral, quem despreza o outro, acaba desprezando a lei. Na cabeça dele, Cunha não cometeu nenhum crime, não fez mal a ninguém. A ausência de moral justifica os atos do vigarista, do corrupto, do criminoso, e do louco. Tira-lhe a carga da condenação pública. Assim ele pode dormir tranquilo, fazendo o que faz.
Resta à sociedade mostrar que as coisas não são assim. E colocá-lo no devido lugar.
quinta-feira, 29 de outubro de 2015
As credenciais para escrever um livro de História
Lá no Skoob, onde qualquer um pode deixar sua opinião sobre um livro, demorou mas já apareceu um leitor dizendo que eu, por ser jornalista, não tenho credenciais para escrever um livro de história, como A Conquista do Brasil. Um tipo de perseguição que já tinha sofrido o Laurentino Gomes, o mais bem sucedido jornalista a publicar livros de história. Um caso isolado, entre outros leitores que reconheceram o valor da obra, mas que merece uma resposta.
A reserva de mercado intelectual não existe. E o leitor comete um homérico engano, primeiro, porque eu não sou jornalista, ou só jornalista. Ser jornalista e ter trabalhado em veículos da grande imprensa pode até chamar mais a atenção no meu currículo. Porém, minha verdadeira formação é de Ciências Sociais. Sou bacharelado pela USP em Sociologia, Antropologia e Política, que completei antes mesmo de me formar na ECA - Escola de Comunicação e Artes, com especialização em Jornalismo.
Essa é a minha formação essencial. Mais do que apenas dar notícia, eu sempre me interessei pelas ideias, que são o que move o mundo. Minha formação como cientista social sempre foi muito importante para entender o que acontece, ter capacidade de análise, uma visão mais ampla e também mais profunda da sociedade e suas mudanças. Essa base tem sido muito útil ao longo de minha vida, não apenas na carreira jornalística.
Graças a minha formação, creio que pude escrever melhor, incluindo em jornalismo, e no jornalismo que se faz tendo o livro como veículo. Com a antropologia, por exemplo, pude escrever melhor sobre os índios que viviam no Brasil, entender seu relacionamento com os portugueses e muitos aspectos da vida indígena. A leitura de mestres, como os antropólogos franceses Pierre e Helène Clastres, foi essencial para escrever A Conquista do Brasil. Outros intelectuais com quem tomei contato pela primeira vez na faculdade, como Darcy Ribeiro, tiveram igual importância. Minha experiência pessoal entre os Kuikuro, no Xingu, também foi de enorme valor.
Elementos de sociologia e política foram fundamentais para analisar a construção da sociedade pré-colonial do Brasil e do aparelho de Estado. A corrupção, tema dominante no Brasil de hoje, tem suas raízes na própria criação da elite brasileira e sua mentalidade, responsável pela manutenção do Brasil no atraso do qual custamos a nos livrar.
O Jornalismo? A prática de escrever diariamente na imprensa, com a máxima objetividade possível, nos ajuda a redigir com mais clareza, identificar e dar destaque ao que é mais importante. Surpreender o leitor é outra regra de ouro da boa redação. Tenho procurado exercitar tudo isso ao longo de meus trinta anos de carreira como jornalista. Acho que isso não desmerece um autor. Ao contrário, também o credencia.
De certa forma, A Conquista do Brasil é mais uma reportagem com pinceladas de ensaio sociológico do que um livro de História. Ao resgatar os documentos originais de viajantes, jesuítas e mandatários, procurei reaproximar o leitor da realidade daquele tempo. Surgiram novos aspectos da história, esquecidos ou menos lembrados ao longo dos séculos, que ajudam a entender nossas origens e como somos ainda hoje. O livro mostra que o tempo acabou distanciando a história do Brasil de suas fontes originais e criou uma falsa ideia do brasileiro sobre ele mesmo.
Há uma terceira influência no que faço, que é a da literatura. Já faz algum tempo que não publico romances (o último, que saiu pela Objetiva, foi Amor e tempestade, em 2009, e o próximo deve sair no começo do ano que vem). O exercício da ficção também ajuda a escrever melhor: criar o clima, fazer o leitor visualizar a informação, mostrar o contexto de forma rica e envolvente. Tudo isso colabora com a redação de qualquer obra, mesmo a que pretendemos ser objetiva ou científica.
Não sou historiador, nem quero ser. Ninguém tira o valor de quem tem formação acadêmica específica em História. Meu viés realmente é muito mais do cientista social e do jornalista. Creio que são áreas de conhecimento que muitas vezes se sobrepõem, em outras são complementares. Com o meu ponto de vista, procuro dar uma contribuição nova e diferente ao estudo da história do Brasil, que como toda forma de conhecimento acadêmico é construtiva, baseada no conhecimento anterior, como um edifício do saber. E, por isso mesmo, às vezes tem dificuldade de aceitar revisões.
A gente ouve opiniões as mais contrárias, e tem de respeitar mesmo aqueles que parecem se voltar contra você por alguma razão pessoal, que desconhecemos. Além de procurar desqualificar o livro, o leitor do Skoob adota um certo tom raivoso, que aparece frequentemente em gente que escreve na internet. A tolerância é o bem que mais faz falta nesta era em que todo mundo pode expressar livremente sua opinião de múltiplas formas. Porém, quem escreve deve saber que o outro tem o direito à defesa. É necessário ocupar esse espaço, para que não se disseminem o tratamento desrespeitoso, as ideias falsas e seus propósitos obscuros.
A reserva de mercado intelectual não existe. E o leitor comete um homérico engano, primeiro, porque eu não sou jornalista, ou só jornalista. Ser jornalista e ter trabalhado em veículos da grande imprensa pode até chamar mais a atenção no meu currículo. Porém, minha verdadeira formação é de Ciências Sociais. Sou bacharelado pela USP em Sociologia, Antropologia e Política, que completei antes mesmo de me formar na ECA - Escola de Comunicação e Artes, com especialização em Jornalismo.
Graças a minha formação, creio que pude escrever melhor, incluindo em jornalismo, e no jornalismo que se faz tendo o livro como veículo. Com a antropologia, por exemplo, pude escrever melhor sobre os índios que viviam no Brasil, entender seu relacionamento com os portugueses e muitos aspectos da vida indígena. A leitura de mestres, como os antropólogos franceses Pierre e Helène Clastres, foi essencial para escrever A Conquista do Brasil. Outros intelectuais com quem tomei contato pela primeira vez na faculdade, como Darcy Ribeiro, tiveram igual importância. Minha experiência pessoal entre os Kuikuro, no Xingu, também foi de enorme valor.
Elementos de sociologia e política foram fundamentais para analisar a construção da sociedade pré-colonial do Brasil e do aparelho de Estado. A corrupção, tema dominante no Brasil de hoje, tem suas raízes na própria criação da elite brasileira e sua mentalidade, responsável pela manutenção do Brasil no atraso do qual custamos a nos livrar.
O Jornalismo? A prática de escrever diariamente na imprensa, com a máxima objetividade possível, nos ajuda a redigir com mais clareza, identificar e dar destaque ao que é mais importante. Surpreender o leitor é outra regra de ouro da boa redação. Tenho procurado exercitar tudo isso ao longo de meus trinta anos de carreira como jornalista. Acho que isso não desmerece um autor. Ao contrário, também o credencia.
De certa forma, A Conquista do Brasil é mais uma reportagem com pinceladas de ensaio sociológico do que um livro de História. Ao resgatar os documentos originais de viajantes, jesuítas e mandatários, procurei reaproximar o leitor da realidade daquele tempo. Surgiram novos aspectos da história, esquecidos ou menos lembrados ao longo dos séculos, que ajudam a entender nossas origens e como somos ainda hoje. O livro mostra que o tempo acabou distanciando a história do Brasil de suas fontes originais e criou uma falsa ideia do brasileiro sobre ele mesmo.
Há uma terceira influência no que faço, que é a da literatura. Já faz algum tempo que não publico romances (o último, que saiu pela Objetiva, foi Amor e tempestade, em 2009, e o próximo deve sair no começo do ano que vem). O exercício da ficção também ajuda a escrever melhor: criar o clima, fazer o leitor visualizar a informação, mostrar o contexto de forma rica e envolvente. Tudo isso colabora com a redação de qualquer obra, mesmo a que pretendemos ser objetiva ou científica.
Não sou historiador, nem quero ser. Ninguém tira o valor de quem tem formação acadêmica específica em História. Meu viés realmente é muito mais do cientista social e do jornalista. Creio que são áreas de conhecimento que muitas vezes se sobrepõem, em outras são complementares. Com o meu ponto de vista, procuro dar uma contribuição nova e diferente ao estudo da história do Brasil, que como toda forma de conhecimento acadêmico é construtiva, baseada no conhecimento anterior, como um edifício do saber. E, por isso mesmo, às vezes tem dificuldade de aceitar revisões.
A gente ouve opiniões as mais contrárias, e tem de respeitar mesmo aqueles que parecem se voltar contra você por alguma razão pessoal, que desconhecemos. Além de procurar desqualificar o livro, o leitor do Skoob adota um certo tom raivoso, que aparece frequentemente em gente que escreve na internet. A tolerância é o bem que mais faz falta nesta era em que todo mundo pode expressar livremente sua opinião de múltiplas formas. Porém, quem escreve deve saber que o outro tem o direito à defesa. É necessário ocupar esse espaço, para que não se disseminem o tratamento desrespeitoso, as ideias falsas e seus propósitos obscuros.
quarta-feira, 28 de outubro de 2015
O livro sobre Vandré e o valor da reportagem
Lá pelos idos da década de 1990, por sugestão de minha mãe, dona Marlene, que encontrou o cantor e compositor Geraldo Vandré alimentando pombos numa praça do centro de São Paulo, escrevi um perfil dele para a revista na qual trabalhava. VIP era então recém separada de Exame, não tinha ainda mulheres seminuas na capa e ele acabou estampando o lugar que os homens nunca mais teriam de novo naquela publicação.
Foi um grande esforço de reportagem, que só levei a cabo pela insistência de dona Marlene, fã apaixonada do artista que marcou sua geração. Durante dois meses, eu cotidianamente passei bilhetes por baixo da porta do apartamento de Vandré, que não tinha telefone, nem mesmo campainha. Até que, um dia, quando eu já estava pronto para desistir, ele me ligou (de um orelhão).
O resultado disso foi talvez a reportagem mais completa que se tenha feito sobre ele, na qual Vandré, num período de lucidez, me mostrou (literalmente, de violão na mão) as músicas que compunha no seu exílio pessoal dentro do Brasil. Explicou seu ponto de vista sobre o período histórico do qual se tornou ícone - a resistência à ditadura nos anos 1960 - e falou da convivência com o próprio mito. Depois disso, ele voltou à tona na imprensa somente uma vez, em uma entrevista à TV Globo, em 2010, na qual falava basicamente as mesmas coisas que já tinha dito a mim, mais de uma década antes.
Há cerca de dois anos, me ligou o jornalista mineiro Jorge Fernando dos Santos, dizendo que escrevia um livro biográfico de Vandré. Foi uma conversa de menos de cinco minutos. Recentemente, saiu o livro: "Vandré, o Homem que Disse Não". Feita sobretudo com recortes do que saiu na imprensa, é um bom apanhado da vida de Vandré, mas não aprofunda nada, nem traz novidades. Passa por isso a impressão de ter apenas explorado o trabalho dos repórteres que conseguiram ter contato com Vandré e a imagem do próprio Vandré.
No livro, há várias referências à reportagem que escrevi. Em certa passagem, Santos diz que eu teria caído em "contradição". Escrevi em dado momento que Vandré "podia ter pensado assim", mas também "podia ter pensado " de outra forma. Coloquei no condicional, porque ninguém tem como garantir que sabe como os outros pensam, ainda mais no caso de Vandré. Eu estava admitindo que não sabia o que ele pensava e aventava duas hipóteses que eram possíveis, ambas. Isso não é "contradição".
Essa palavra incomoda, primeiro porque não é cabível, segundo porque usada sem fundamento parece querer desmerecer ou contaminar a fonte do qual bebe o próprio autor. Se alguém acha que eu caí em contradição, não deveria se apoiar tanto naquele meu trabalho. Há reproduções do meu texto na VIP que ocupam praticamente uma página inteira de livro, incluindo a descrição que fiz do apartamento de Vandré.
Mais preocupante é a falta da reportagem. Alguns brilhantes perfis já foram escritos sem que o perfilado tivesse concordado ou sido entrevistado. É o caso, por exemplo, do célebre perfil de Frank Sinatra assinado por Gay Talese na revista Esquire. Talese passou um bom tempo em Las Vegas, sem conseguir falar com Sinatra, que se recusou a recebê-lo. No entanto, conversou pessoalmente com tanta gente próxima de Sinatra, fez tão boa reportagem, que a entrevista com o próprio se tornou praticamente dispensável.
Este não é o caso de "Vandré, O Homem que Disse Não", escrito dentro do gabinete com material já publicado. É verdade que Vandré é uma figurinha carimbada. Porém, se tivesse falado mais com quem estava em torno, ou aproveitado o que ouviu ao telefone, sem resumir-se ao que leu publicado, talvez Santos pudesse acrescentar algo de novo. Mas não.
Vale a pena ler o livro? Sim, se você é um fâ de Vandré ou se não sabe nada sobre ele. Pelo sucesso que fez, pela mistificação ao seu redor, pelo seu temperamento enigmático, ele continua sendo um personagem instigante. E o livro é um eficiente clipping de tudo o que saiu sobre ele.
Ao contrário do que o livro de Vandré faz parecer, e do atual quadrante do jornalismo, mais baseado no meio virtual, a reportagem não morreu. A mesma Geração Editorial, que publicou o livro de Vandré, lançou recentemente também "20 mil pedras no caminho", do jornalista Jorge Tarquini. Focado na trajetória de um viciado em crack, o livro é reportagem pura. Uma história humana, reveladora, e chocante, do começo ao fim, como retrato da realidade.
Minha opinião sobre Vandré? Ele continua sendo um homem de protesto, ainda que isso signifique renegar o seu papel na década de 1960, dizendo que fazia apenas música, e não protesto. Vandré é como diz uma de suas músicas mais conhecidas: gosta mais de confundir que de explicar.
Com a autoridade de quem fez alguns clássicos da música popular brasileira, criados num tempo em que era mais famoso e ganhava mais dinheiro que o Chico Buarque, ele não deixa de ter suas razões para viver na negação. Muitas vezes, olhando o mundo como está, a gente pensa se quer mesmo fazer parte dele. Para esse mundo, como artista, e cidadão, Vandré continua dizendo não.
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