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quarta-feira, 18 de novembro de 2015

O terror é a arma dos fracos

Dezenas de milhares de ingleses se vestiram com as cores da França para ver o jogo França e Inglaterra e cantaram sem errar a Marselhesa no clássico estádio de Wembley, em Londres. Um evento público impressionante, que não foi um jogo de futebol  e sim uma bela manifestação política. E um manifesto contra o medo. Um sinal coletivo comovente e histórico de que a sociedade não sucumbirá ao que desejam os terroristas que assassinaram 129 pessoas em bares e na casa de shows Bataclan, em Paris.

A França, em Londres
O terror é a arma dos fracos. Um único kamikaze ou um grupo armado pode transformar a vida cotidiana em uma paranoia infernal no mundo inteiro. Experimentei isso quando morei em Nova York, em 2005, pouco depois do atentado contra as torres gêmeas. Pessoas olhavam desconfiadas quando alguém com jeito de árabe entrava no metrô. Receava-se ir a lugares públicos. Uma garrafa largada em qualquer lugar fechava uma rua. O medo é a vitória do terror.

O terrorismo, no entanto, é seu próprio inimigo. Traz de volta nas pessoas o espírito coletivo. Une o mundo civilizado. Lembra a todos que cada um tem seu papel na busca pela paz. Faz de cada cidadão um vigilante contra a barbárie.

Poucos países do mundo podem se orgulhar de uma história tão ligada à liberdade, à igualdade à a fraternidade quanto a França, que fez desse tríptico seu lema histórico. O alvo dos ataques foi bem escolhido, se pretendia levantar o mundo contra o extremismo.

O atentado em Paris tem um lado irônico. A Cidade Luz e a França são alvo de terroristas justamente pela liberdade com que recebem estrangeiros e por sua humanidade. A França tem uma pesada conta social, para dar educação e saúde à população mais pobre, que forma hoje a periferia da capital. Ela é em boa parte feita de expatriados muçulmanos, que foram para lá na esperança de uma vida melhor.

Estamos na era da intolerância. Não se pode confundir o terrorismo extremista e bárbaro com o islamismo ou o mundo árabe. O radicalismo fundamentalista é coisa de uma minoria, talvez ainda menor que o extremismo de direita, por exemplo, na sociedade americana. E que já foi responsável por atentados igualmente execráveis, como a bomda de Oklahoma ou o assassinato dos irmãos Kennedy.

O que falta ao mundo livre, isso sim, é um melhor serviço de inteligência. Não se pode tolher a liberdade de ir e vir, e é preciso respeitar a privacidade e os direitos dos cidadãos. Porém, também é preciso monitorar melhor o risco de ataques como o ocorrido em Paris, e neutralizá-los antes que aconteçam. Quando um atirador entra num restaurante matando gente inocente, o serviço de inteligência já falhou.

O terror não se combate com exércitos, nem repressão, ou patrulhamento moral. É um crime como outro qualquer, que demanda prevenção.