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quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Meninos, homens e heróis

Quando menino, todo homem sonha ser alguém, ou ter as coisas que viu alguém ter. No meu caso, esse modelo um tanto utópico foi um personagem de ficção, Peter Miller, protagonista de O Dossiê Odessa, um clássico da literatura de suspense, escrito por Frederick Forsyth.

É difícil explicar a admiração de um garoto por um modelo masculino, mas sempre há pistas. Miller só fazia o que gostava (era repórter freelance), ganhava dinheiro, vivia em aventuras (especialmente depois de decidir investigar um dossiê nazista). Tinha uma linda namorada, go-go girl de uma boate em Hamburgo que, por trás da exuberância exibida em sua profissão, escondia uma personalidade tímida e a vocação de mãe de família. Queria casar-se com ele incondicionalmente e ter um monte de crianças rosadas.

 Eu achava aquilo o máximo.

É difícil saber quanto do menino fica no homem. O fato, porém, é que todo homem desde cedo constrói uma imagem idealizada de si mesmo, que se pode identificar por meio desses ícones masculinos. Desde crianças, queremos ser fortes como o Super-Homem, ágeis como o Homem-Aranha, implacáveis como Batman, indomáveis e destemidos como Tarzan.

Quando ficamos mais velhos e começamos a entender melhor as coisas, queremos tomar martinis, usar summer jackets e levar as mulheres para a cama com a elegância fatal de James Bond, tendo ao mesmo tempo a fortuna de Goldfinger. Em geral, o modelo de homem perfeito, o verdadeiro cavalheiro, mistura coragem, estilo, elegância. E um pouco de picardia.


O filme, com Jon Voight
O importante no ícone masculino não é o carro, a roupa, a casa, as mulheres maravilhosas e tantas outras coisas desejáveis, mas a atitude. Ela mostra o que somos. Essa atitude, de quem sabe como agir nas horas certas, e conhece as coisas com que lida, faz o homem ter classe, transformar-se em alguém superior. Todo homem que se preza tem de se sentir o herói de sua própria biografia.

Claro, se pudéssemos juntar todos nossos heróis preferidos num personagem num só, teríamos então o homem corajoso, elegante, charmoso, forte, independente, capaz, culto, sagaz, sábio, talvez um tanto cínico e, não obstante, bem-sucedido. Claro, o homem perfeito não existe, mas é a tarefa da vida fazer de nós mesmos o melhor possível. Não apenas para os outros – as mulheres, os profissionais que encontramos no trabalho, o vizinho. Sobretudo, fazemos isso por nós mesmos.

Um homem com atitude se manifesta também nos pequenos detalhes. Eles fazem muita diferença. O homem com atitude sabe como preparar um dry martini, vestir um summer jacket e até conquistar uma mulher com elegância.

Porém, isso não se faz artificialmente nem como cópia dos antigos modelos masculinos. A elegância vem de dentro para fora, e não de fora para dentro. Essa é maneira mais rápida de nos aproximarmos do homem ideal - talvez ainda um tanto imperfeito, mas ao menos muito próximo do que sonhamos ser.

Faço aqui uma lista de heróis que sempre achei admiráveis desde a infância. E a razão. Talvez você se identifique com algum. Em que você se espelhou quando criança? Tem algo disso hoje na sua vida? Não se pode perder os modelos e velhos sonhos.

Batman, o dos quadrinhos, solitário e implacável, na versão
em que é também mais detetive. Nada feito no cinema se compara

O detetive Deckard, interpretado por Harrison Ford,
em Blade Runner: herói existencialista onde o figurino
implacável não esconde o coração

O corajoso e sardônico James T. Kirk, interpretado por William
Shatner, em Jornada nas Estrelas: quem queria ser Spock?

Christopher George como Ben Richards, em O Imortal,
série esquecida de 1970: um herói solitário e sempre em fuga

Fess Parker como Daniel Boone: um homem de caráter
com uma espingarda. Eu sempre quis ter um 
chapéu desses, com rabo. E uma espingarda 
Guy Williams, o melhor Zorro, na série da Disney:
bravo e ao mesmo tempo elegante, galante e espirituoso

Homem aranha, nos quadrinhos, e no desenho mais clássico,
de Steve Ditko: herói  problemático, sem perder o bom espírito

O Homem de Ferro de Robert Downey Jr é melhor que
o dos quadrinhos: playboy, milionário, gênio e herói,
sem deixar de rir de si mesmo

O personagem principal de O Homem de Virgínia era o de James Drury (à esq.),
mas eu gostava mais de Doug Mclure (ao centro), tão valente quanto, e mais simpático 
Napoleon Solo (à dir.) e Ilya Koliac, agentes da UNCLE:
Koliac era mais frio, porém Solo tinha mais charme

Nenhum outro sujeito será 007 como Sean Connery. Um ícone do homem
diante das mulheres,  do champanhe e dos bandidos

Mannix era um grande detetive, inteligente e de ação. Alguém lembra?

National Kid é meu herói mais antigo, do tempo em que as crianças
achavam que um adulto devia salvá-las. Pobres adultos
de hoje, que não salvam nem a si mesmos.

Columbo era feio, tímido, esquisito e andava com essa capa de
chuva surrada, mesmo quando não chovia. Ninguém dava 
nada por ele - e era aí que pegava o criminoso. Genial.

Tarzan - o dos livros - sempre foi meu herói favorito. Difícil transpô-lo
para a tela como é na literatura, ao mesmo tempo nobre e selvagem.
Escolhi Ron Ellis, que fez uma série nos anos 70, um
Tarzan menos musculoso, que passava gel no cabelo, mas era inteligente

William Smith como Joe Riley, em Laredo: simpático,
durão e galã, a montanha de músculos era detalhe


David Carradine, como Kung Fu: eu adorava quando,
na maior calma,  ele dava uma boa lição naqueles americanos 
presunçosos e violentos. Mas só ao rever a série, já adulto, entendi o
quanto ela era boa - e cheia de ensinamentos