quarta-feira, 17 de abril de 2024

Musk e o novo que é velho como o mundo

Elon Musk está demitindo 10% de seus funcionários. A Tesla não está vendendo seus carros elétricos como ele imaginava. Elon Musk também não está se vendendo como imaginava.

A intromissão de Musk na política brasileira, dizendo que não vai colaborar com a Justiça no inquérito das fake news, mostra que o novo, no mundo dos negócios, é na verdade bem velho. Em muitos sentidos.

Musk é velho como o mundo, primeiro, porque se mostra o empresário de faroeste, que só pensa nos seus interesses, e não nos países, ou nas pessoas.

Do tamanho que ele ficou, torna-se uma ameaça mundial. As megacorporações, do jeito que são hoje, acreditam que têm recursos e poder para confrontar os Estados nacionais. Especialmente os titubeantes, como o do Brasil.

São elementos imponderáveis da vida contemporânea. Empresários privados aventureiros que se metem em coisas antes reservadas ao poder público, como a corrida espacial, deixam perguntas. E quem regula o espaço? Nessa zona onde não há fronteira, como no mundo das corporações transnacionais, o que podem fazer? Resposta: algo que atende seus interesses, geralmente diferentes dos coletivos. 

Musk, o bilionário elétrico-digital, nesse aspecto, é também tão antigo quanto os velhos barões do petróleo  e da ferrovia. O discurso de que o carro elétrico vai salvar o mundo da poluição é uma enganação descarada. Não há nada mais mentiroso do que acreditar que o carro elétrico é ecológico. 

Para fazer funcionar carros e celulares com suas baterias, o engenho menos biodegradável já inventado pelo ser humano, é preciso uma quantidade enorme de minérios encontrados na superfície do planeta - os "terras raras". Por conta disso, extensas áreas de terra hoje são  revolvidas - em Araxá, Minas Gerais, por exemplo.

Por ser mais barato que comprar áreas continentais, empresas de 26 países hoje raspam o fundo do mar, com o objetivo de recolher lítio e outros elementos. Estão destruindo a flora e a fauna marinhas e com elas o crio, de onde vem a maior parte do oxigênio do planeta. Perto disso, destruir a Amazônia inteira não é nada.

E o que dizer de como ficaremos daqui oito anos, quando essas baterias veiculares se transformarem em lixo?

Quando as vendas de algo vão piorando, começam a vender para o Brasil como grande novidade. As vendas de elétricos balançam no exterior enquanto chegam por aqui como algo  sensacional. Muitos lançamentos de carros elétricos vêm sendo anunciados. Graças ao incentivo fiscal - nosso dinheiro - como ocorreu nos Estados Unidos.

Musk diz que é a favor da liberdade, como se seu negócio dependesse do livre mercado, e não do dinheirão que o Estado botou nele. No campo político, esqueceu também que o limite da liberdade é o direito - e a liberdade - do próximo. Não se pode fazer algo que coloca em risco o futuro do planeta, em qualquer área.

O mesmo se pode dizer das redes sociais, negócio onde ele entrou para enganar o público sem intermediários. A mídia digital vem sendo usada sistematicamente para espalhar mentiras, com finalidade eleitoral, de forma inescrupulosa, e proteger os interesses por trás dessas mentiras. São usadas, também, para patrulhar quem pensa diferente e constranger a opinião alheia - o contrário da liberdade.

Quem é Elon Musk? A resposta está bem clara. É mais uma raposa, travestida de benfeitor, dessas que querer tomar conta do galinheiro para fazer a festa. É temporário. Acabam levando chumbo do fazendeiro, antes de acabarem os ovos - e as galinhas.

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