quarta-feira, 30 de março de 2016

Verdades

Ouvindo em casa o disco do irmão do André, 9 anos.
- João está cantando e tocando muito bem. Só falta ganhar um dinheiro...
André:
- Outro dia ele foi tocar (com a banda Bell & The Boys) lá na Paulista. Só dava nota de 2.
Dou risada.
- É - acrescenta André. - Ele disse que deu mais de 60 reais!
Mais risos.
- Está melhor que você - completa ele. - Que ganha 3 reais por livro.
(...)
(Verdade).

Conexões: A Conquista do Brasil

"Prezado Thales, boa tarde. Interrompi minha leitura de "A Conquista do Brasil" para procurar referências suas na Internet, até que encontrei o seu site. O objetivo deste é lhe enviar meus parabéns pela sua obra, que ainda não terminei de ler. Sou jornalista, entre outras formações, e por ter trabalhado com Educação e Turismo, já muito li e viajei pelas terras deste nosso Brasil e do mundo. Sou um entusiasta de História, notadamente do Brasil e dos grandes personagens do passado. Muito já li de diversos autores e continuo minha procura por novas e velhas obras que possam me enriquecer. Sua obra supracitada é especial, provavelmente a melhor leitura que fiz da história do nosso Paí­s. Aprendi ao longo do tempo que nossa herança cultural foi forjada com a mistura forçada de nossos antepassados de índios de várias tribos, portugueses e negros e, mais tarde, de outras imigrações. Essa mistura vem dos sangue derramado em guerras, do suor do trabalho árduo e escravizado e do sexo que miscigenou nossas raí­zes. Muito do nosso presente se explica olhando e estudando o passado. Quero lhe dar os parabéns pelo seu trabalho. Pelo prazer de poder ler transcrito o sentimento do sábio Anchieta, dividido entre o alí­vio de sobreviver às escaramuças, mas angustiado de ver muito do gentio dizimado. Obrigado. Um abraço. M. B."

Tenho recebido muitos emails como este de leitores de A Conquista do Brasil. Dá aquele alívio de ver que o trabalho alcançou o que eu desejava. E o prazer de contar com a simpatia das pessoas com quem a gente, pelo livro, acaba estabelecendo uma conexão.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2016

O Minhoca no Viva

Quando meu filho nasceu, eu, que trabalhava em casa escrevendo, o apanhava ao meio dia para ninar - era a hora do soninho da tarde. Como eu não sabia de cor nenhuma das músicas de criança, tirando o "Fui no Itororó", comecei a inventar as músicas com as quais o fazia dormir. No final, acabava por inventar uns versinhos... E, quando ele dormia, corria para anotá-los.

O resultado desses momentos de amor de pai meio desastrado virou um livro de poemas para crianças, que foi belamente ilustrado pela Mariana Manini: A Minhoca Colorida ("Eu sou a Minhoca Colorida/Com uma Buzina no nariz/ Papai diz que é como a vida/ Bem comprida e bem feliz").

Num igualmente feliz encontro com o Valdir Cimino, diretor da associação Viva e Deixe Viver, ele se interessou pelo livro. Pretende incluí-lo entre os projetos que irá tocar no seu programa, que hoje atende  mais de 70 mil crianças em 92 hospitais em todo o país.

O Viva, que eu conheci há anos, quando Valdir trocou um bom emprego como alto executivo na TV Globo por esse projeto social, leva contadores de histórias voluntários para ler livros a crianças hospitalizadas pelos mais diferentes motivos. E, segundo Valdir, hoje se sabe por pesquisas que as crianças saem do hospital e permanecem leitores pela vida que segue, assim como seus pais.

Os contadores de história do Viva, que no início sofriam certa rejeição pelas equipes hospitalares, hoje são recomendados como algo importante e benéfico ao tratamento. Está comprovado porpesqusias que a leitura transporta a criança para um ambiente mais tranquilo, e tem uma influência benéfica no relacionamento que os hospitais têm com seus pacientes de forma geral.

O bem e a simpatia são contagiantes.

Fico muito feliz de saber que esse livrinho, que é do meu filho André, meu e agora também da Mariana, poderá vir a servir a tão bom propósito. E divido aqui com vocês uma página do futuro "Minhoca Colorida" que, espero, ajude crianças a partir de um momento difícil.


terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Escolhas


"Você é meu pai para toda a vida", disse o André, aos sete anos. Os filhos ensinam a gente. Eu nunca tinha pensado que ser filho é uma escolha. Mas é.

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Uber, airbnb e o Estado avestruz

A internet e a crise econômica se juntaram para acelerar um processo que vai minando rapidamente a economia formal. Taxistas reclamam do Uber, que oferece serviço de qualidade a preço mais baixo, justamente porque não tem os custos e burocracia do mercado regulado. O airbnb aos poucos vai substituindo a hotelaria como um meio de hospedagem mais barata, prática e de qualidade.

A ideia da "economia do compartilhamento" surge bem na hora da crise econômica no mercado formal. Isso porque os custos que recaem sobre a economia  clássica são muito altos - e os preços também. Para competir e coibir a informalidade, é preciso baixar preços. Porém, isso é difícil num mundo burocratizado ao extremo e dominado por um Estado avestruz, que come de tudo e enfia a cabeça dentro de um buraco quando se encontra em dificuldade. E assim onera toda a sociedade.

A crise derruba a arrecadação e a reação natural do governo, para compensar a perda de receita, é aumentar taxas e impostos. Com impostos mais altos (e imposto é custo), os preços sobem e o mercado cai ainda mais. Isso torna o aumento de imposto inócuo, no final.

Nos Estados Unidos, onde há um pouco mais de inteligência no trato econômico, é o contrário. É preciso ter um certo desprendimento e acreditar que baixar impostos, na crise, ajuda a baixar preços, recuperar vendas e, por consequência, a arrecadação.

O mercado formal ainda não lida bem com a internet. Um exemplo disso é o livro. Por que procurar um livro na livraria, a 50 reais, se você pode copiar uma versão digital pirata a 4,90? Esse é o motivo para as editoras baixarem os preços do livro impresso e sobretudo digital. Como elas se recusam a fazê-lo, as vendas do livro impresso não crescem e mesmo as do digital estão caindo. Bom sinal? Não, porque o que está crescendo é a pirataria.

O excesso de taxação é o grande incentivo do meio digital, onde o mercado informal oferece saídas difíceis de serem fechadas. Punir os piratas acaba esbarrando não apenas na dificuldade prática como no interesse do consumidor já esmagado pelo alto custo de vida e o desemprego.

A liberdade sempre acha um caminho. Quanto mais se tenta cerceá-la, mais ela aparece, em outro lugar. É preciso colocar a economia compartilhada a favor da economia geral, incorporá-la.
Caso contrário, o meio virtual acabará se tornando uma verdadeira revolta civil.