Os motivos para manter certo sigilo em um concurso que vai além do nome vencedor
Muita gente pergunta por que a Editora Saraiva não anuncia os finalistas do Prêmio Benvirá. Explica-se.
Não se obriga, pelo regulamento, a divulgação da lista dos finalistas. Na verdade, não existem "finalistas", no sentido estrito, e sim uma pré-seleção de 10 originais, feita por nós, a equipe editorial, para auxiliar os jurados na escolha. Com um volume de 1.505 inscritos, seria difícil para apenas três pessoas examinar tudo o que chegou. Contamos para a pré-seleção com um software muito bem feito, que nos permite examinar a sinopse e o original e deixar nele uma bandeira - "em análise" (amarelo), pré-aprovado (verde), aprovado (azul) ou reprovado (vermelho). Depois, pode-se capturar somente os arquivos estabelecidos como "pré-aprovados" e, por fim, "aprovados". Sem tal programa, seria impossível fazer a seleção de forma tão criteriosa e num prazo tão curto.
Os dez finalistas, portanto, não são finalistas no sentido formal. Os jurados têm acesso à lista completa de inscritos, com seu perfil e a sinopse dos livros. Somente a leitura da compilação de nomes, perfis e sinopses de 1.505 participantes equivale a ler um livro do tamanho de Guerra e Paz, consumindo dos jurados um bom tempo. A partir dessa lista, eles podem pedir vistas de qualquer original. Luis Brás, por exemplo, pediu para ver cinco obras que não estavam na lista de dez (depois de examinar os cinco, ficou com os dez que havíamos pré-selecionado). Anna Maria Martins também pediu vistas de mais dois originais, além dos que lhe entregamos (e também os eliminou em seguida). Isso serviu para reforçar a confiança que a equipe de jurados tem na pré-seleção. E assim eles puderam se dedicar mais à leitura dos manuscritos que passaram pela nossa peneira.
O trabalho da equipe editorial garante que todos os originais sejam examinados, mesmo aqueles de autores que não sejam conhecidos pelos jurados. A lista de dez reflete o que acontece na prática: havia 5 autores estreantes, e outros cinco selecionados entre autores já publicados por grandes editoras, a maioria deles já vencedores de outros prêmios, incluindo o Jabuti.
Existem outros motivos para não se divulgar os finalistas. Muitos dos originais são tão bons quanto o vencedor. Na escolha de qualquer prêmio, infelizmente o vencedor só pode ser um. Às vezes é uma escolha entre obras muito parelhas. Por isso, sempre defendi a ideia de que seria injusto revelar as outras obras, que não podem ser vistas como "perdedoras" num processo que sempre tem algo de subjetivo. Elas têm muita qualidade e eventualmente podem serem consideradas tão ou mais "comerciais" quanto a obra ganhadora.
Por fim, os autores publicados por grandes editoras que chegaram perto de vencer o prêmio não teriam a ganhar com esse tipo de divulgação - pelo contrário, talvez se sentissem desprestigiados por aparecer numa lista de quem tentou e não chegou lá. Qualquer lista, para ser divulgada, precisaria de uma consulta prévia aos participantes. E basta um deles não concordar com a divulgação da lista, para que não faça mais sentido ela vir a público.
Quando propus à Editora Saraiva levarmos adiante o prêmio, pensava não apenas promover a literatura como levantar originais inéditos de qualidade, de autores publicados ou não. Por acompanhar as negociações, observo que mesmo os autores já publicados têm interesse em ver seu livro publicado com o selo Benvirá. Todos os autores que foram pré-selecionados pela equipe editorial, com originais excelentes para publicação, em princípio interessam.
Aos poucos, a lista dos "finalistas" vai naturalmente aparecer no calendário de lançamentos da Benvirá, que vai lhes dar tanta importância quanto ao vencedor do Prêmio. E espero que ambos, autores e editora, venham a colher os frutos de todo esse esforço: os autores, por escrever e participar; a editora, pelo investimento e todo o trabalho que envolve a premiação. A todos, desejo o que se pode desejar de melhor, nesse caso: o reconhecimento pelo sucesso do livro no mercado.
Ótimo. Conseguiu me satisfazer. Agradeço.
ResponderExcluirParabéns pela clareza!
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ResponderExcluirO perfil é separado por padronização do sistema e para garantir que o autor coloque seus dados no upload. Quanto ao José Luiz Goldfarb, ele é curador do Jabuti, lá ele não vota. No Benvirá ele vota, mas seu voto tem o mesmo peso dos outros jurados. Na primeira edição do prêmio, venceu um estreante, mesmo havendo entre os outros competidores nomes conhecidos e até mesmo vencedores do Jabuti. Sabemos que é possível criar intermináveis polêmicas em torno dos prêmios literários, onde os critérios de escolha sempre levam algum componente subjetivo. Mas você pode acreditar que é do interesse de todos - dos jurados, da empresa e meu enquanto estive lá - que a decisão procure premiar sempre a qualidade, independente de quem assina a obra. A questão é que só há um vencedor e sempre sobram gregos e troianos para todos os lados. Luis XIV dizia que cada vez que dava emprego a alguém, criava "100 descontentes e um ingrato". Ser jurado de prêmio literário também é assim, não é mole. Acho que a melhor atitude não é enxovalhar o prêmio ou o ganhador, mas, mesmo com as limitações de qualquer concurso, procurar enxergar com grandeza e esportividade o resultado, bem como o estímulo e a oportunidade que ele cria para todos. Eu por exemplo acho que o Oscar Nakasato foi prejudicado pela polêmica toda do Jurado C e foi tirado do páreo na escolha do Livro do Ano, mas não reclamei nem reclamo do Jabuti, um prêmio que tem estimulado bastante o livro e a literatura. A gente perde e a gente ganha - e na derrota a gente também pode mostrar grandeza.
ResponderExcluirPS: a Leya, que na segunda edição do seu prêmio literário não deu o dinheiro a ninguém, com a justificativa de que os jurados tinham concluído que nenhum concorrente o havia merecido, até hoje não anunciou outra edição do concurso, até onde sei.
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ResponderExcluirPassar dias e noite escrevendo uma obra que preste e não saber se ela foi ou não escolhida, doí muito!
ResponderExcluirDoí sim, mas temos que continuar tentando. Principalmente se nós mesmos acreditamos em nossa obra. Também participei do concurso e estou super curiosa. Enviei meu livro para outras editoras (mesmo sabendo que tenho que esperar pelo menos 6 meses) e eles já estão entrando em contato mostrando interesse. Se você acredita que sua obra é boa mesmo não tendo vencido o concurso, basta persistir que você chega lá.
ExcluirBiarne,
ResponderExcluirO vencedor foi anunciado e, se ninguém da editora entrou em contato com você até agora, é porque seu trabalho não será aproveitado. Espero que a certeza lhe dê algum alívio. Eu me reservo o direito de não publicar seus outros comentários, porque já está respondidos e são desrespeitosos com pessoas e religiões. Este espaço aqui não é para isto. Um abraço.
Thales,
ResponderExcluirme responda uma coisa.
Se passada uma semana ou mais do anúncio do vencedor e a editora não entrou em contato comigo nesse tempo, significa que devo perder as esperanças e seguir em frente?
Por favor, seja sincero. rsrs
Abraço!
Todos os autores que a editora tem em vista publicar já foram contactados e estão em fase de assinatura do contrato. Existem alguns autores de obras de fantasia, porém, que ainda podem ser aproveitados. A partir de hoje, isso não depende mais de mim, é com o Rogério Alves, que passa a cuidar da Benvirá.
ResponderExcluirBoa tarde, Thales! Minha obra é de fantasia e este ano foi a primeira vez que participei do prêmio. Espero que todos os anos tenha, pois foi a partir do concurso que tive mais persistência para escrever. Gosto muito das minhas idéias pois sempre tento inventar finais diferentes para os vários livros que leio e é muito bom poder concorrer com várias outras pessoas. No próximo concurso participo de novo. Já estou até como várias outras idéias. Abraços e parabéns a todos da Benvirá.
ExcluirPena!!! Queria ter o selo Benvirá. Fica para o próximo concurso. Espero que tenha todos os anos. Abraços!!!
ExcluirAgradeço muito pelo esclarecimento, Thales! Era exatamente isso que eu estava esperando (e creio que os outros colegas também). Acredito que o autor que não foi selecionado estava aguardando apenas um sinal verde para seguir em frente e tentar outras editoras. Só não entendi o seguinte: você disse que futuramente a Benvirá poderá entrar em contato com alguns autores do gênero fantasia. Isso quer dizer que ainda há esperança para os que ainda não receberam um contato da editora? Abraço.
ResponderExcluirnome: KEVEN MARCIANO
ResponderExcluirThales meu livro é sobre fantasia (Fêrryr e o novo senhor da guerra) e tenho dúvidas.
Como não havia 18 anos coloquei no nome do meu pai (claro ele sabendo de tudo) e por isso posso ter me prejudicado?
E também no livro havia (há) muitos erros ortográficos, vocês julgaram a estória em se ou erros de concordância também pode ter me prejudicado?
Obs: O meu email mudou era keven_rei2@hotmail.com (foi raqueado) ele é agora onovosenhordaguerra@hotmail.com
Ana Paula, o Rogério Alves, agora responsável pelo selo Benvirá, analisou alguns originais de livros de fantasia e se mostrou interessado. Acho que ninguém deve contar com isso e é melhor seguir a vida, mas é possível que eventualmente ele venha a procurar algum autor de fantasia inscrito no Prêmio. As editoras têm um cronograma cheio, a competição pelos lançamentos é muito grande e a gente não consegue lançar tudo aquilo que acha bom. Ao Keven: a ortografia não é a única coisa que se olha na seleção, mas certamente conta, a editora procura gente que entrega seu trabalho com um nivel profissional.
ResponderExcluirKeven
ResponderExcluirEntendi, agora vou qualificar meu livro ao máximo! É como você disse que não devemos desanimar e nem perder esperanças. Harry Potter que vendeu mais de 450 000 000 de livros foi recusado por 8 editoras.
Obrigado, parabéns ao prêmio e boa sorte no novo trabalho!
Por sinal, canso de ler sinopses boas cujos livros são ruins (aliás, argumento do canadense para se desculpar do plágio que fez ao livro do Scliar)e vice-versa. Mas, o que não dá para engolir nessa parafernália toda é o... Soft!
ResponderExcluirPor sinal, li seu livro Campo de Estrelas sem antes checar a sinopse, por mera curiosidade, e o achei atraente e interessante. Mas se tivesse lido as diversas sinopses oficiais divulgadas pela midia, com certeza, mesmo sem o Soft para ajudar na seleção, eu jamais teria lido você.
ResponderExcluirThales
ResponderExcluirEstranhamente, os três comentários que fiz ontem aqui, questionando algumas imprecisões de sua parte quanto as justificativas dadas em seu texto não foram publicados. Isso só reafirma o que disse quanto ao tal Soft usado e análise de sinopses. Bem, boa sorte para você que deixa de ser um editor de conteúdo de DIVERSÃO e passa a ser um editor de conteúdo de DISTRAÇÃO.
Thales,
ResponderExcluirPrimeiramente, desculpe-me por postar esta mensagem tanto tempo depois... Pesquisando sobre mais informações do concurso da Benvirá, me deparei com esse seu post e fiquei intrigada. Também participei do concurso, que acho um grande incentivo ao aspirante a escritor. Ocorreu que, à época do concurso, eu tinha acabado de escrever o livro, literalmente. Enviei sem pestanejar! Porém, mais tarde, verifiquei que não havia feito uma boa revisão ortográfica e, além dos vários erros de digitação, também observei algumas faltas de crases ali e aqui... Isso influencia na escolha da Benvirá? Não no vencedor propriamente dito, mas nos outros futuros escritores da editora? Ou eles cogitam uma posterior revisão ortográfica, se apegando mais ao conteúdo e ao estilo de linguagem? Obrigada antecipadamente! Vivianne