(De 21 de maio de 2021)
Quando eu era editor da revista VIP, ainda um suplemento de Exame, fiz uma capa com o então prefeito de Curitiba, Jaime Lerner, que mais tarde seria duas vezes governador do Estado – e poucas vezes testemunhei um político tão nas graças da população.
Era uma delícia andar com ele na rua. As pessoas vinham conversar, como se encontrassem um velho amigo. Eram gratas e carinhosas. Lembro de passarmos diante da estufa de vidro que ele construíra no florido Jardim Botânico, num fim de tarde ensolarado. Crianças brincavam por ali, perto dos pais. Acho que me emocionei tanto quanto ele em ver aquilo.
Lerner, ou o Polaco, como os amigos o chamavam, era realmente especial. Identifiquei-me com ele em várias coisas. Arquiteto de formação, tinha uns caderninhos onde rabiscava projetos, anotava ideias, algumas utópicas, outras que acabavam virando projetos de governo.
Ali ele me mostrou esboços como o da Ópera de Arame e do Ligeirinho, sistema de ônibus rápido, que funcionava quase como um trem, em faixas exclusivas e com facilidades para o embarque, de modo a ganhar tempo.
Lerner, que acaba de falecer, aos 83 anos, foi um bom exemplo do que é possível fazer com a política. No governo estadual, ele acabou tendo problemas e submergiu, como acontece com muita coisa boa, submetida tempo demais aos efeitos deletérios da política.
Porém, deixa um legado, não só para o Paraná, mas de como é possível fazer algo bom e verdadeiro na política, com interesse real pelo bem coletivo. E permanece um exemplo de que a maior recompensa da vida pública não é o dinheiro, mas esse patrimônio de paz, colaboração e progresso que podemos deixar no processo da civilização.
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