É difícil explicar a admiração de um garoto por um modelo masculino, mas sempre há pistas. Miller só fazia o que gostava (era repórter freelance), ganhava dinheiro, vivia em aventuras (especialmente depois de decidir investigar um dossiê nazista). Tinha uma linda namorada, go-go girl de uma boate em Hamburgo que, por trás da exuberância exibida em sua profissão, escondia uma personalidade tímida e a vocação de mãe de família. Queria casar-se com ele incondicionalmente e ter um monte de crianças rosadas.
Eu achava aquilo o máximo.
É difícil saber quanto do menino fica no homem. O fato, porém, é que todo homem desde cedo constrói uma imagem idealizada de si mesmo, que se pode identificar por meio desses ícones masculinos. Desde crianças, queremos ser fortes como o Super-Homem, ágeis como o Homem-Aranha, implacáveis como Batman, indomáveis e destemidos como Tarzan.
Quando ficamos mais velhos e começamos a entender melhor as coisas, queremos tomar martinis, usar summer jackets e levar as mulheres para a cama com a elegância fatal de James Bond, tendo ao mesmo tempo a fortuna de Goldfinger. Em geral, o modelo de homem perfeito, o verdadeiro cavalheiro, mistura coragem, estilo, elegância. E um pouco de picardia.
O filme, com Jon Voight |
Claro, se pudéssemos juntar todos nossos heróis preferidos num personagem num só, teríamos então o homem corajoso, elegante, charmoso, forte, independente, capaz, culto, sagaz, sábio, talvez um tanto cínico e, não obstante, bem-sucedido. Claro, o homem perfeito não existe, mas é a tarefa da vida fazer de nós mesmos o melhor possível. Não apenas para os outros – as mulheres, os profissionais que encontramos no trabalho, o vizinho. Sobretudo, fazemos isso por nós mesmos.
Um homem com atitude se manifesta também nos pequenos detalhes. Eles fazem muita diferença. O homem com atitude sabe como preparar um dry martini, vestir um summer jacket e até conquistar uma mulher com elegância.
Porém, isso não se faz artificialmente nem como cópia dos antigos modelos masculinos. A elegância vem de dentro para fora, e não de fora para dentro. Essa é maneira mais rápida de nos aproximarmos do homem ideal - talvez ainda um tanto imperfeito, mas ao menos muito próximo do que sonhamos ser.
Faço aqui uma lista de heróis que sempre achei admiráveis desde a infância. E a razão. Talvez você se identifique com algum. Em que você se espelhou quando criança? Tem algo disso hoje na sua vida? Não se pode perder os modelos e velhos sonhos.
Batman, o dos quadrinhos, solitário e implacável, na versão em que é também mais detetive. Nada feito no cinema se compara |
O detetive Deckard, interpretado por Harrison Ford, em Blade Runner: herói existencialista onde o figurino implacável não esconde o coração |
O corajoso e sardônico James T. Kirk, interpretado por William Shatner, em Jornada nas Estrelas: quem queria ser Spock? |
Christopher George como Ben Richards, em O Imortal, série esquecida de 1970: um herói solitário e sempre em fuga |
Fess Parker como Daniel Boone: um homem de caráter com uma espingarda. Eu sempre quis ter um chapéu desses, com rabo. E uma espingarda |
Guy Williams, o melhor Zorro, na série da Disney: bravo e ao mesmo tempo elegante, galante e espirituoso |
Homem aranha, nos quadrinhos, e no desenho mais clássico, de Steve Ditko: herói problemático, sem perder o bom espírito |
O Homem de Ferro de Robert Downey Jr é melhor que o dos quadrinhos: playboy, milionário, gênio e herói, sem deixar de rir de si mesmo |
O personagem principal de O Homem de Virgínia era o de James Drury (à esq.), mas eu gostava mais de Doug Mclure (ao centro), tão valente quanto, e mais simpático |
Napoleon Solo (à dir.) e Ilya Koliac, agentes da UNCLE: Koliac era mais frio, porém Solo tinha mais charme |
Nenhum outro sujeito será 007 como Sean Connery. Um ícone do homem diante das mulheres, do champanhe e dos bandidos |
Mannix era um grande detetive, inteligente e de ação. Alguém lembra? |
National Kid é meu herói mais antigo, do tempo em que as crianças achavam que um adulto devia salvá-las. Pobres adultos de hoje, que não salvam nem a si mesmos. |
Columbo era feio, tímido, esquisito e andava com essa capa de chuva surrada, mesmo quando não chovia. Ninguém dava nada por ele - e era aí que pegava o criminoso. Genial. |
William Smith como Joe Riley, em Laredo: simpático, durão e galã, a montanha de músculos era detalhe |
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