Quando Giuseppe Garibaldi tomou Bolonha, na campanha de reunificação da Itália, entrou nas catedrais em pata de cavalo, contava meu avô José, por ouvir assim a história pelo pai dele, Mauro.
Revirou as igrejas e nelas teria encontrado poços - pozzo razzore, dizia meu avô - com facas, cheios de ossos, todos de moças, que sumiam sem se saber até então onde iam parar.
Essa história, contada no meu romance Filhos da terra, sobre a imigração italiana no Brasil, pode ser ou não verdadeira, mas é no que os bolonheses daquele tempo acreditavam.
O que explica muitas coisas: o anticlericalismo do bolonhês, sua forte politização e tendência para o anarquismo e o comunismo, ligados ao ateísmo, sua defesa da liberdade - a palavra que está junto ao leão no brasão da cidade - e seu amor a Garibaldi.
A figura de Garibaldi está presente em todas as cidades italianas, mas as histórias de meu avô me fizeram muito próximo desse personagem extraordinário, talvez o mais extraordinário da história, e eu sempre o associei a Bolonha.
Garibaldi está também no meu romance Anita. E aqui, nessa estátua em Bolonha, que para mim tem um significado especial, porque é a cidade das histórias de família. Por coincidência, o primeiro lugar onde fiquei em Bolonha, hospedado a trabalho, foi no hotel logo atrás do monumento, o Tre Vecchi.
Em Bolonha, os Fiorini como meu avô locupletam as placas que homenageiam os partigiani mortos na segunda guerra. Estão no campo, onde lavraram a terra, na comida, que me fala da infância, na história.
Aqui, por tudo isso, eu fico muito sentimental. Especialmente quando sento à mesa, em qualquer restaurante, e me sinto de volta à cozinha de minha avó Dileta. #anitaoromance #filhosdaterra #livros #lendo
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