Para mim, escrever livros de história e romances históricos são ambos válidos e desempenham função semelhante. Escrevo ambos. A escolha de uma forma ou outra depende de onde está o foco do que quero contar.No romance, o foco é mais no indívíduo, com suas ideias e paixões - essas coisas que podem mudar o mundo, isto é, que fazem a história. Mas isso requer muitas vezes uma investigação mais subjetiva ou subjacente aos fatos.Já nos livros de história, os fatos ganham mais relevo e dependem de objetividade. Porém, a informação detalhada e o enredo procuram fazer a época se tornar tridimensional, portanto mais perto da realidade. E um bom enredo pode provocar uma leitura compulsiva como a de um romance.O romance não prejudica nem exclui o rigor histórico. Em Anita, não há nenhum fato conhecido da história que é distorcido ou contrariado. A ficção entra nos lugares onde não há registro e corrobora a história. Dá nuances que, embora criados pela imaginação, parecem fazer tanto sentido que ao fim o leitor não verá outra história possível de Anita Garibaldi que não seja essa.Nos meus romances históricos, a história pode ser mais pano de fundo, como em Filhos da Terra, que fala sobre a imigração italiana no Brasil, com personagens reais, embora tenham nomes trocados e ganhem pinceladas da ficção. Podem também tratar de personagens históricos reais, como Anita Garibaldi (Anita), ou Prestes, Lampião, Padre Cícero, Rondon e outros (Amor e Tempestade). Nesse caso, os personagens reais devem parecer reais, mesmo na recriação literária, e nada pode ferir o fato histórico.
Não é um trabalho fácil. Tanto no romance como no livro de história, a missão é mergulhar o leitor naquilo que pode estar mais próximo da verdade, seja ela objetiva, seja a subjetiva. Tentamos dar à história toda a dimensão humana.
A história é feita por pessoas, com motivações que às vezes fogem à nossa compreensão. Desvendar a história que não conhecemos da história é uma grande arte, cuja perfeição sempre está mais ali adiante.
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