sábado, 22 de janeiro de 2022

Elzas e outras


A última vez que vi Elza foi na abertura de uma Flip, em Paraty, há alguns anos. Já estava debilitada e chegou carregada até o palco.

Eu estava na plateia  ao lado da Raissa Castro, editora da Verus, e lembro bem de tudo por causa de um incidente que muitas mulheres acham acontecer só com elas.

Durante o espetáculo, uma mulher, que devia cheirado ou bebido grande quantidade de alguma coisa, começou a dizer que queria me agarrar. E, a certa altura, passou literalmente por cima da Raissa, que estava sentada entre nós, e me agarrou mesmo, subindo por cima de mim como um macaco, tentando me beijar. O espetáculo meio que parou, naquela confusão. A mulher foi retirada de cima de mim à força, por um segurança. 

Aquilo deixou certo constrangimento no ar, mas pude ver o fim do show. Mesmo fragilizada, Elza continuava com sua poderosa voz e, sem sair da cadeira , galvanizava a plateia.

Coisas da vida de editor, que acaba vendo, ouvindo e passando por tudo - do belo ao bizarro. No fim, valeu por testemunhar duas coisas: como uma mulher pode ser e fazer tudo o que se atribui a homens, e a exibição de uma das maiores artistas brasileiras, capaz de provar que o esplendor não tem idade.

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