Nos seis anos em que o romance permaneceu na Objetiva, a venda foi excelente, sobretudo considerando-se que se trata de um livro brasileiro de mais de 300 páginas, que custava ao leitor 54 reais: cerca de 6 mil exemplares. Talvez tivesse sido mais, se a editora não estivesse já muito satisfeita com os lucros e, com um pouco mais de ambição, apostasse em mais reimpressões. É um livro com uma legião de fiéis leitores, que lhe deram 80% de aprovação com quatro e cinco estrelas no Skoob.
Durante todo esse tempo, assim como muitas editoras de grande porte, que não estão dando conta do recado do terreno virtual, a Objetiva sequer chegou a produzir a versão digital da obra, que só agora é lançada no meio virtual. Por essa razão, a versão do livro em inglês chegou primeiro - Love and Tempest já se encontrava desde o ano passado na Amazon, Google Play, I-Tunes, além de Saraiva, Cultura/Kobo etc.
Para mim, é importante ver este romance na galeria das obras que, por meio do veículo digital, não sairão mais das prateleiras. Ele é resultado de um período importante de minha vida, quando morava em Nova York, e de meu trabalho. Eu me propus um ano de dedicação a um livro que, segundo pensava, ninguém mais poderia escrever, pela experiência, o tempo e o esforço de que necessitava. E escrevi.
O romance saiu como imaginei, daquele tipo como já não se faz comumente hoje em dia. É ambicioso, por retratar um período turbulento da História do Brasil. Grande, como pedia uma saga com toques picarescos, em que entram personagens históricos, como Lampião, o padre Cícero, o Marechal Rondon, os 18 do Forte e os integrantes da Coluna Prestes. E intenso, mesclando aventura, ação e romance às questões existenciais, especialmente sobre o significado da família e do heroísmo.
Amor e Tempestade me custou caro, não somente por esvaziar minhas reservas financeiras nesse ano de trabalho solitário na cidade mais cara do mundo, como fisicamente. Escrevi sua parte final literalmente em pé. Depois de meses a fio trabalhando de doze a dezesseis horas por dia ao computador, já não conseguia sequer sentar. Coloquei então o laptop em cima da prateleira de livros e continuei.
Em Nova York, quando escrevia Amor e Tempestade: já não podia nem sentar |
Um livro fica bom apenas quando nos entregamos a ele de corpo e alma. Um romance leva tudo da gente, mas ele fica. Em Amor e Tempestade, eu dei realmente tudo de mim, até a última gota, o bagaço, o frangalho. E agora ele é novamente dos leitores. Por um preço muito melhor que o do livro impresso (9,90). E à distância de uns poucos cliques, incluindo para a coleção dos fiéis leitores que já compraram o livro impresso e fizeram dele um romance superestrelado.
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