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sexta-feira, 11 de julho de 2014

As coisas podiam ter sido diferentes



Você acredita em teorias da conspiração? Eu não, mas fico pensando no que teria acontecido se as coisas tivessem sido diferentes.

Se a Fifa não tivesse trocado o critério da formação das chaves, colocando como cabeças-de-chave seleções como Colômbia e Bélgica, será que os times mais fortes e tradicionais como Itália, Espanha, Uruguai e Alemanha ficariam todos amontoados do lado do Brasil, como aconteceu? Será que o Brasil pegaria a Alemanha na semifinal? E se com outro chaveamento pegasse a Alemanha somente na final, as coisas não poderiam ter sido diferentes?

Se a Fifa tivesse examinado os vídeos e advertido os juízes de que os adversários estavam procurando quebrar Neymar no primeiro lance de cada partida, será que não teria havido jogadores advertidos ou expulsos? Será que Neymar teria ido parar no hospital?

Se a Fifa tivesse sido tão rigorosa com o jogador da Colômbia que tirou Neymar do futebol, como foi com Luizito Suárez, não daria menos a impressão de ter sido leniente com o que fizeram com o jogador brasileiro? Se Neymar tivesse jogado a semifinal, as coisas não podiam talvez ter sido diferentes?

Se a Fifa tivesse punido o lateral da Colômbia, ou jogadores da França que aplicaram diretos no queixo contra adversários, será que ainda estaríamos com essa impressão de que a Fifa agiu precisamente para tirar Luizito e o Uruguai da Copa?

Se fossem coibidas essas rodas de apostas milionárias, em que um sheik árabe ganhou 2 bilhões de dólares (repito, 2 bilhões) por apostar que o Brasil perderia de 7 a 1 para a Alemanha, não teríamos menos razões para temer a circulação de malas pretas vultuosas para jogadores?

Se não fosse permitida tanta influência dos interesses comerciais em jogo, com agentes e grandes patrocinadores por trás de cada jogador, das seleções e da própria Fifa, poderíamos ter mais certeza da lisura no esporte? As coisas não seriam diferentes?

Se os cambistas que vendiam ingressos no mercado negro não estivessem hospedados no Copacabana Palace, o mesmo dos diretores da Fifa, não teríamos menos essa impressão de que a entidade tem algo a ver com isso?

Os jogadores do Peru confessaram ter recebido mala preta para perder em 1.978 para a Argentina, que precisava de quatro gols para tirar o Brasil e vencer a Copa em seu próprio país. Nesse jogo, a Argentina fez seis. Foi uma das maiores goleadas da história das Copas. Se a Fifa tivesse mandado investigar o caso e punir criminalmente quem foram os subornadores, teríamos ainda essa sensação de que coisas estranhas acontecem com a sua complacência?

Se o Brasil tivesse feito a mesma coisa que a Argentina em 1.978, as coisas teriam sido diferentes?

domingo, 15 de junho de 2014

Messi, a promessa dele mesmo



Lionel Messi, o grande astro argentino, tido por muita gente como o melhor jogador do futebol contemporâneo, me lembra muito Zico, craque do Flamengo e da seleção brasileira, que teve seu auge nos anos 1.980.

Como Zico, que precisou de muita injeção para crescer, Messi é baixinho. Também como Zico em seu início de carreira, no Flamengo, o jogo de Messi é feito de descidas vertiginosas para o ataque, em profundidade ou na diagonal, graças ao drible em velocidade, finalizado pelo disparo mortal.

Nos clubes, ambos tiveram a sorte de jogar em grandes times, o que só faz o craque brilhar mais. No Flamengo, Zico tinha por companheiros jogadores como Andrade, Júnior e Adílio, que com ele levantaram um título mundial. Eram todos jogadores hábeis, que gostavam da troca de bola, da tabela, do futebol envolvente. O Flamengo de Zico era sempre o dono do jogo. Messi joga no superestrelado Barcelona, ao lado de outros craques com o mais fino trato da bola, como o campeão mundial Iniesta.

No começo da carreira, embora fosse já um craque no Flamengo, Zico era bastante criticado na seleção. Por muito tempo, dizia-se que desaparecia com a camisa amarela, por não repetir no Brasil o seu desempenho no clube. Com duas copas na bagagem, sem ganhar nenhuma, com atuações apagadas, embora seja o segundo maior artilheiro da história da sua seleção, Messi hoje recebe a mesma crítica na Argentina. É considerado mais um jogador de clube que de seleção.

Com o tempo, Zico mudou. Do jovem jogador que partia com tudo para o ataque na base do drible e da habilidade, tornou-se também um grande armador, ao mesmo tempo em que a experiência ia substituindo a juventude. Tornou-se um jogador praticamente completo, e, mais experiente, foi também um grande destaque na seleção. Teve a sorte de disputar duas copas ao lado de grandes jogadores, como Sócrates, com quem fez uma bela dupla. Não ganhou nenhuma, mas o time de 1.982, dirigido por Telê Santana, até hoje é uma referência do futebol brasileiro, bonito, bem jogado, que se não ganhou, por mera fatalidade, mereceu a taça mais que qualquer outro.

Messi também não ganhou Copa, ainda. E terá muito trabalho, porque não tem na seleção, ao seu lado, craques como os que tinha Zico. O time da Argentina, que hoje bateu por 2 a 1 a Bósnia, que mais parece um time de universitários, não foi muito convincente. Beneficiada por um gol contra bósnio, a Argentina teve um primeiro tempo apático e, se dominou o segundo tempo, não chegou a ter cara de time campeão, titubeando no final.

Ele fez um gol, a seu modo: carregando a bola, tirando os zagueiros da frente, até achar a brecha para o chute. Porém, na maior parte do jogo limitou-se a devolver para trás as bolas que vinham em sua direção. Pouco jogou para o time.

A Copa de 2.014 vai ser decisiva para a história de Messi. Se ganhá-la, pode equiparar-se a um Maradona, que conquistou uma Copa do Mundo pela Argentina num time guerreiro, mas tecnicamente mediano, o que lançou ainda mais sobre ele a fama de milagreiro, simbolizada pelo gol de mão feito diante da Inglaterra.

Messi pode, também, chegar perto de um Zico, se for mais solidário, contar com a ajuda dos companheiros, e fizer de suas partidas aquele espetáculo que deixa saudade nos apaixonados pelo futebol, mesmo se não ganhar nada.

Ou pode ser apenas apenas o que foi hoje, na sua partida de estreia na Copa de 2.014: uma eterna promessa dele mesmo.